Covid-19: Rede Genômica aponta aumento da linhagem BA.2
A Rede Genômica Fiocruz divulgou, nesta sexta-feira (8/4), uma nova atualização de dados dos resultados obtidos pela vigilância sobre as linhagens e variantes do vírus Sars-CoV-2 no Brasil.
De acordo com as informações compiladas pela Rede, a variante Ômicron substituiu completamente a Delta no país e observa-se uma tendência de aumento da frequência de BA.2, fato também anteriormente verificado nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. Em fevereiro, a BA.2 era responsável por 1,1% dos genomas e, em março, essa proporção subiu para 3,4%. No Brasil, até o fechamento desta nova atualização, foram identificadas apenas as linhagens BA.1 (19.555 genomas), BA.1.1 (4.290 genomas) e BA.2 (151 genomas). No entanto, os pesquisadores avaliam que são necessários mais dados para que esse processo seja confirmado. Os dados também mostram que a Região Norte apresentou um crescimento retardado da Ômicron, que agora domina completamente o cenário epidemiológico da Covid-19 no Brasil.
Nestes 14 dias (os dados da atualização cobrem o período que vai de 18 a 31 de março), o Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e outras cinco unidades da Fiocruz, nos estados do Amazonas, Ceará, Pernambuco, Paraná e Bahia, produziram 1.766 genomas. Cada uma das unidades de sequenciamento da Fiocruz (além das já citadas, há também uma no Piauí e uma em Minas Gerais) atende uma ou mais unidade da Federação (UF). Neste período, no dia 4 de abril, a Rede Genômica Fiocruz promoveu a sua Primeira Reunião Científica, com apresentações de pesquisadores. O evento terá periodicidade mensal e a primeira edição contou com presença de 139 especialistas.
A Rede Genômica Fiocruz também tem desenvolvido, em parceria com os serviços de vigilância regionais, estratégias para o rastreio de casos relacionados a potenciais escapes vacinais. A Rede Genômica da Fiocruz, junto com as vigilâncias estaduais, reuniu 501 casos de Covid-19 pós-vacinação de cinco estados: Alagoas, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A mediana de idade da população infectada pós-vacinação foi de 51 anos (variando de 15 a 98 anos).
É importante ressaltar que a estrutura da Rede Genômica Fiocruz, que foi estabelecida para o enfrentamento da Covid-19, também atua no monitoramento de outros vírus respiratórios. A vigilância genômica do vírus influenza é há anos feita pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que é centro de referência nacional do Ministério da Saúde e por centros regionais, como o Instituto Adolfo Lutz e o Instituto Evandro Chagas. A produção de genomas por estes centros vem contribuindo para a escolha de cepas vacinais para o Hemisfério Sul. A Rede tem parceiros que ajudam a somar esforços para a vigilância genômica no país, contribuindo com a triagem de amostras positivas para Sars-CoV-2 para sequenciamento e envio para algum laboratório de sequenciamento, análises de vigilância epidemiológica de campo e fazendo o sequenciamento genômico.
A amostragem utilizada pela Rede Genômica Fiocruz, em apoio à rede nacional de vigilância de vírus respiratórios, se baseia em dois pilares fundamentais: amostragem representativa dos casos positivos para Sars-CoV-2 por teste RT-PCR em tempo real realizados em cada UF; e amostragem de eventos inusitados identificados pelas vigilâncias locais. Os pesquisadores da Rede Genômica Fiocruz lembram que todo esse monitoramento de vigilância é possível devido a parceria e colaboração dos Laboratórios Estaduais de Saúde Pública (Lacens) e da Coordenação-Geral de Laboratórios do Ministério da Saúde. Outra organização que permite uma vigilância em tal escala é a plataforma Gisaid, que reúne depósitos de genomas de todo o mundo e contribui muito para que este depósito ocorra em tempo real.
Fonte: https://portal.fiocruz.br