Dieta Cetogênica transforma a vida de crianças com epilepsia
SOLUÇÃO – “Os remédios não apresentavam resultados.
Quando começamos a dieta, há dois anos e meio, minha filha não teve mais nenhuma crise. Foi maravilho. Mudou a vida dela e de toda a nossa família, que não podia ter uma vida normal. Tínhamos medo de fazer um passeio em família e minha filha ter uma das crises imprevisíveis.
Hoje, isso mudou”, afirma a mãe de Emilly, a técnica de enfermagem Amanda Louizy, 30 anos. Ela relata que a doença, que não tinha indicação cirúrgica, parecia invencível com o uso dos medicamentos. A mãe frisa que as crises começaram a diminuir já após dois dias do início da dieta, que reduz os níveis de açúcar no sangue. A criança não toma mais medicação e começou a escrever melhor, ter equilíbrio nos movimentos, brincar e ser mais ativa.
“A escola parou de me ligar para buscá-la. A qualidade de vida, não só na dela, mas de todos nós, melhorou muito, inclusive, minha relação com o meu marido e minha outra filha. Não temos mais medo de sair para um programa de lazer, porque, hoje, ela tem a vida de uma criança normal”, descreve a mãe.
“O melhor de tudo é que o remédio dela, que é a dieta, é feita por mim. No início, foi difícil privá-la de tudo que uma criança normal pode comer, como um pedaço de bolo, arroz, macarrão e doces, e passar para uma saladinha, proteína e gordura, sendo tudo pesado na balança. Mas essa é a dieta que minha filha precisa e nenhuma medicação trouxe”, comemora.
SERVIÇO – A coordenadora do Ambulatório de Dieta Cetogênica do HMIB, Ludmila Uchoa, fala sobre a dieta. “É uma dieta rica em gorduras, pobre em carboidrato, acompanhada de proteínas, utilizada no tratamento de epilepsias de difícil controle, que não melhora com o uso de medicamento. Entre os principais alimentos utilizados estão creme de leite, bacon, ovos, azeite, verduras e legumes”, explica.
Segundo ela, qualquer criança com até 15 anos de idade pode ter acesso ao serviço, desde que encaminhada pelo neuropediatra assistente. A indicação é para epilepsia refratária e sem possibilidade de tratamento cirúrgico. No ambulatório, a criança é acompanhada por, no mínimo, um neuropediatra com conhecimento sobre a dieta cetogênica e uma nutricionista. Ambos sabem manejar os possíveis efeitos colaterais da dieta.
“O ideal é começar o tratamento dietoterápico o mais cedo possível, pois o cérebro pode sofrer consequências se as convulsões não forem controladas”, alerta Ludmila. E ressalta que os benefícios da dieta incluem a chance de redução de crise; a melhora na qualidade de vida do cuidador e da criança; melhora de humor e da cognição; e chance de reduzir as medicações, que têm efeitos colaterais ruins”, destaca.
EPILEPSIA – É uma doença que provoca convulsões recorrentes. Acomete, hoje, 50 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, há 3 milhões de pacientes sofrendo com os sintomas da doença, mais frequentes na infância. A epilepsia deve ser tratada assim que for diagnosticada. O tipo de crise é o que define a melhor opção terapêutica.
Fonte: https://www.saude.df.gov.br