Crianças no calor extremo
A hidratação é a medida mais importante para prevenir problemas relacionados ao calor. Quando a criança percebe que está com sede, ela já está um pouco desidratada. Por isso, cabe ao cuidador hidratá-la preventivamente. Use água gelada.
É inexorável: todos seremos afetados pela crise climática. Ela veio mais cedo e mais rápido do que imaginávamos. Os noticiários mostram cenas que parecem filmes de ficção distópica: incêndios, secas, tempestades e inundações por todo o planeta.
A ameaça mais imediata são as ondas de calor, agravadas pelo “El Niño”. Julho de 2023 foi o mês mais quente da história na média global, e os recordes seguem sendo quebrados. Então, como se cuidar — e cuidar das crianças em especial — durante esses momentos?
Quando a temperatura está acima de 32°C, crianças não devem brincar no ambiente externo, especialmente entre 10h e 16h. Procure sair antes e depois destes horários para áreas bem sombreadas por árvores ou próximas de piscina ou mar. Um pulo rápido na praia bem cedinho vale, mas volte logo para casa. Passe filtro solar, claro. Refresque as crianças com banhos, de chuveiro ou mangueira, ou mesmo toalhas molhadas. Vista-as com roupas leves, largas e de cores claras, com proteção UV se possível. Lembre-se do chapéu, uma peça importante no calor.
Nunca deixe seu filho sozinho no carro: ele aquece perigosamente em pouco tempo. Proteja as crianças do sol direto e modere o uso do carrinho de bebê, que também aquece com facilidade.
Cuide do seu pequeno atleta: se ele se sentir mal, fraco ou muito cansado, pare para descansar e se hidratar em lugar sombreado e fresco.
Ventile bem a casa e feche as persianas e cortinas para reduzir a incidência direta do sol. Se tiver ar-condicionado, use à vontade, também à noite. O aparelho pode deixar o ar mais seco, mas uma toalha molhada estendida no chão ajuda a umidificar. Os ventiladores podem ser úteis para refrescar um pouco, mas devem ser mantidos a uma distância segura. É melhor não usá-los acima de 36°C, pois podem até aumentar a temperatura corporal.
Ficar em casa não quer dizer ficar mergulhada em celular, TV ou tablets. Lembre-se: crianças sabem brincar.
Plantas refrescam a casa, assim como os bairros. Exija arborização da sua prefeitura: é uma política pública barata, eficaz e prioritária em nossos dias.
As escolas brasileiras, públicas ou privadas, devem ser equipadas com ar-condicionado — é uma prioridade nesses tempos. Caso não seja, é importante buscar o máximo de ventilação possível, com janelas abertas e uso de toldos ou cortinas que bloqueiem o sol nas salas de aula. Garrafas de água e copos de papel devem ser colocados dentro de todas as salas, além de bebedouros espalhados pela escola. A criança não pode ficar 3 horas seguidas numa sala quente sem se hidratar. Beber água no recreio é obrigatório, mas não suficiente.
A hidratação é a medida mais importante para prevenir problemas relacionados ao calor. Quando a criança percebe que está com sede, ela já está um pouco desidratada. Por isso, cabe ao cuidador hidratá-la preventivamente. Use água gelada. Evite bebidas adoçadas de todo tipo. Se der sucos, dilua bem; água de coco, uma vez ou outra. Se a criança suar muito, vomitar ou tiver diarreia, o soro caseiro pode ser alternado com água. Frutas e legumes são alimentos importantes no calor — evite os ultraprocessados, doces e frituras. Bebês de menos de 6 meses em amamentação exclusiva não precisam de água, mas a mãe deve oferecer o seio com mais frequência.
É importante ficar atento aos sinais de desidratação: boca seca e saliva espessa, sede intensa, urina amarelada (deve ser mantida sempre clarinha) ou menos fraldas molhadas; olhos sem brilho, pele com pouca elasticidade, irritabilidade e fraqueza, respiração rápida. Se aparecerem, é hora de hidratar intensamente.
E muita atenção aos sinais de quadros mais graves, como a exaustão pelo calor ou a insolação: temperatura acima de 38,5°C, cansaço, cefaleia, tonteiras, confusão mental, espasmos musculares ou câimbras, e até convulsões e coma. Nesse caso, procure imediatamente a emergência.
Fonte: https://oglobo.globo.com