Número de idosos infectados caiu no DF, observa médica intensivista
Imunização da faixa etária de 74 anos deverá atingir 10 mil pessoas no Distrito Federal. Médica intensivista do grupo Santa Marta, Adele Vasconcelos destaca que diminuiu o número de pessoas de 80 anos ou mais internadas, justamente devido à vacinação
A vacinação dos idosos de até 74 anos começou, ontem, no Distrito Federal, sem grandes aglomerações nas unidades básicas de saúde (UBS) ou um dos pontos de vacinação da capital. A estimativa é de que a imunização do novo público atenda 10.273 pessoas. Mesmo que o público-alvo seja dos idosos acima de 74 anos, os postos estão abertos também para aqueles mais velhos receberem a primeira dose da vacina. Médica intensivista ouvida pelo Correio avalia que, apesar do momento crítico, número de internação de idosos, especialmente na faixa acima dos 80 anos, caiu consideravelmente.
Maria Irene de Aquino, 74, deixou a UBS 1 da Asa Sul com lágrimas nos olhos. Emocionada, a aposentada e moradora da região contou que espera bem guardada pela segunda dose da vacina. “Está marcado para acontecer entre 1° e 8 de abril. Estou ansiosa e feliz por ter recebido a primeira dose, mas a situação que estamos vivendo é triste, não consigo pensar nisso sem me emocionar. Embora eu não tenha perdido ninguém do meu convívio pela doença, são muitas mortes no país.”
“Hoje a vacina foi o meu maior presente”, comemorou Maria José, que completou 74 anos justamente nesta quinta-feira. Sem precisar de agendamento, ela recebeu a imunização na UBS do Lago Sul. Já Eunice Bulcão, 76, moradora do Lago Oeste, não havia conseguido se vacinar no período da sua faixa etária. “Eu não consegui vir antes, mas aproveitei para me vacinar hoje. Estou muito preocupada com a situação geral, parece que este ano as coisas estão piores”, pontuou Eunice. “Eu cheguei a ter um sobrinho que teve 50% do pulmão prejudicado, ele disse que nunca sentiu um sofrimento maior. Graças a Deus, agora está bem, mas a vacina é importante para justamente a gente também salvar o próximo”.
Uma das idosas vacinadas, Ivanilda Tionila de Souza, 74, estava preocupada com as reações da aplicação. “Eu não sei o que vou sentir ainda, quero ver o que vai ser nesses próximos dias”, disse ela que é dona de casa e moradora da Vila Planalto. Ivanilda contou que, há 10 meses, ela já teve infecção pelo novo coronavírus. “Senti fraqueza, alguns dias de febre. Mas não tive falta de ar, apenas perda de um pouco do olfato. Fui ao médico com um pouco de medo, mas deu tudo certo”, explicou.
Doenças
A médica intensivista e coordenadora da emergência do grupo Santa Marta, Adele Vasconcelos, explicou para a equipe do Correio que os pacientes com doenças autoimunes, aquelas que diminuem a imunidade, devem receber autorização médica antes de serem vacinados. “Um idoso que estiver em quimioterapia, com uso alto de corticoide ou com alguma doença reumatológica, além de todas que causem uma baixa da imunidade, devem verificar com seus médicos a respeito da vacina, justamente para evitar possíveis riscos desnecessários”, explica.
Adele, apesar da situação crítica na saúde, apontou uma esperança. “Estamos presenciando um número bem menor de idosos acometidos pela covid-19. Na faixa dos acima de 80 anos, o número caiu consideravelmente, diferente do que víamos no começo da pandemia. E claro, isso é um efeito da vacinação. E, por isso, precisamos acelerar esse processo, conseguir mais imunizantes e frear essa onda”.