OPAS reforça cooperação para apoiar países a lidarem com escassez de oxigênio e profissionais de saúde para pacientes com COVID-19
Espera-se que mais dezenas de milhares de médicos e enfermeiras(os) sejam necessários para gerenciar UTIs na América Latina e no Caribe. A OPAS ajuda os países a distribuir equipes médicas e aumentar a produção de oxigênio, além de doar suprimentos essenciais
Frente à iminente necessidade de aumentar a força de trabalho em saúde e os suprimentos de oxigênio “perigosamente baixo” para atender pacientes com COVID-19, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) está intensificando as doações e a cooperação técnica aos países da América Latina e do Caribe, afirmou nesta quarta-feira (12) Carissa F. Etienne, diretora da OPAS.
Em meio à pandemia de COVID-19, “o aumento nas hospitalizações em nossa região está desencadeando um desafio sem precedentes nos suprimentos de oxigênio”, declarou Etienne durante a coletiva de imprensa semanal da OPAS. Em resposta, a Organização está apoiando os países a aumentar a produção de oxigênio e doando suprimentos essenciais, incluindo 7 mil oxímetros de pulso e quase 2 mil compressores de oxigênio.
“Estamos trabalhando lado a lado com os ministérios da Saúde, particularmente em lugares duramente atingidos como Bolívia e Antígua e Barbuda, para ajudar os países a redesenhar seus modelos de atendimento e atualizar suas diretrizes clínicas para otimizar os recursos disponíveis e garantir que mais pacientes recebam o oxigênio de que precisam”, disse Etienne.
A OPAS ajudou a implantar 26 equipes médicas de emergência em 23 países. “Além disso, cerca de 400 equipes médicas de emergência e locais de atenção médica alternativos foram estabelecidos, ajudando os países a expandir a capacidade com 14 mil novos leitos hospitalares e mais 1,5 mil leitos de terapia intensiva”, acrescentou a diretora.
Mas, considerando a propagação da doença, espera-se que mais 20 mil médicos(as) e mais de 30 mil enfermeiras(os) sejam necessários para administrar as necessidades de UTI em metade dos países da América Latina e do Caribe, ressaltou Etienne.
Ao longo desta pandemia, vimos o que acontece quando os países desvalorizam os sistemas de saúde. Seja por falta de EPIs, leitos de UTI, oxigênio ou profissionais de saúde, os países estão sendo forçados a agir rapidamente para compensar os anos de subinvestimento. E embora os países tenham expandido drasticamente sua capacidade de atendimento à saúde em apenas alguns meses, nossos profissionais de saúde continuam sentindo a pressão desta pandemia.”
Chamando a atenção para o Dia Internacional da Enfermagem, comemorado nesta quarta (12), Etienne pediu uma melhor resposta à COVID-19 e reconstrução pós-pandemia, investindo em enfermeiras(os) e garantindo que tenham as “ferramentas, capacitação e recursos dos quais precisam para realizar seu trabalho com segurança”.
“Devemos honrar o trabalho, o sacrifício e as contribuições das enfermeiras em todas as Américas, que estão ajudando a oferecer cuidados que salvam vidas aos pacientes com COVID-19”, continuou a diretora da OPAS.
Desde o início da pandemia, o número de profissionais de saúde infectados com COVID-19 na América Latina e no Caribe aumentou para pelo menos 1,8 milhão. Cerca de 9 mil deles morreram devido ao vírus – a maioria mulheres e enfermeiras.
Relatórios de 18 países da região mostram que cerca de 1,5 milhão de profissionais de saúde estão agora totalmente vacinados contra COVID-19.
“Pedimos aos países que aproveitem ao máximo as doses limitadas, protegendo primeiro os profissionais de saúde – incluindo as 8,4 milhões de enfermeiras que trabalham em nossa região”, disse Etienne.
Voltando-se para a propagação do coronavírus, a diretora da OPAS afirmou que o vírus está se acelerando nas zonas de fronteira de muitos países. Na América Central, o aumento nas infecções está sendo notificado ao longo das regiões de Honduras e Costa Rica que fazem fronteira com a Nicarágua, bem como nas regiões fronteiriças da Guatemala e El Salvador. Na América do Sul, os casos estão aumentando nas regiões da Bolívia e da Guiana que fazem fronteira com o Brasil.
Na Colômbia, onde as infecções aumentam há semanas, espera-se um crescimento acelerado após uma semana de protestos. Cuba está impulsionando a tendência de aumento das infecções no Caribe, embora países menores como Trinidad e Tobago estejam experimentando aumentos significativos.
No total, 1,2 milhão de pessoas foram infectadas com COVID-19 na semana passada nas Américas e quase 34 mil morreram pela doença.
A propagação contínua está colocando intensa pressão nas unidades de UTI. “Em nossa região, quase 80% de nossas unidades de terapia intensiva estão cheias de pacientes com COVID-19 e os números são ainda mais terríveis em alguns lugares”, disse Etienne. “No Chile e no Peru, 95% dos leitos de UTI estão ocupados, a maioria por pacientes com COVID-19. Buenos Aires, onde 96% dos leitos de UTI estão em uso, apenas reforçou as restrições para evitar o colapso nos hospitais. Algumas áreas do Brasil têm listas de espera para leitos de UTI.”
Fonte: https://www.paho.org