Estudo coordenado por hospital do Governo Federal mostra que metade da dose da AstraZeneca induziu anticorpos em participantes
Mais 88% dos que nunca tiveram Covid-19 desenvolveram anticorpos com a primeira dose. Resultados da segunda dose saem em outubro
Em divulgação pública de resultados preliminares, o Projeto Viana Vacinada, com coordenação científica do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), que faz parte da Rede Ebserh/MEC, apresentou resultados promissores. O estudo constatou que, entre os voluntários monitorados, 88,3% dos que nunca tiveram contato prévio com o vírus causador da Covid-19 desenvolveram anticorpos neutralizantes com apenas metade da dose padrão para a primeira injeção da vacina AstraZeneca/Fiocruz.
Nesse domingo, 8 de agosto, ocorreu o ‘Dia D’ de mobilização na cidade pesquisada, Viana, na Região Metropolitana de Vitória, para a aplicação da segunda etapa de imunização. Os cientistas do projeto querem saber como funciona o esquema com duas aplicações de metade da prescrição em bula do imunizante.
A meia dose inicial foi aplicada no dia 13 de junho em 19.584 participantes, entre 18 e 49 anos, o que corresponde a cerca de 72% da população elegível para a pesquisa na cidade de Viana, número considerado satisfatório. Desse total de voluntários, 572 foram destacados para serem monitorados com coleta de amostras sanguíneas. É deste grupo que saem as estatísticas sobre resposta imune humoral (produção de anticorpos neutralizantes) e celular do estudo. Nesse fim de semana, houve a terceira coleta de sangue.
A segunda dose é necessária para aumentar a resposta à vacina e ampliar a proporção dos que produziram defesa contra o coronavírus. Ainda não há resultados de efetividade do estudo, mas, de acordo com o painel de monitoramento da pandemia do governo do Espírito Santo desde o início da pesquisa, com vacinação em massa o número de casos em Viana reduziu de 1.246, no pico da crise sanitária em abril de 2021, para 214 casos em julho. O mesmo painel indica que não houve óbitos na faixa etária pesquisada na cidade depois de duas semanas da primeira ‘meia dose’ do Viana Vacinada.
Os voluntários do projeto, somados aos imunizados na campanha convencional de vacinação contra a Covid-19, já chegam a 100% da população de Viana. Caso os pesquisadores consigam comprovar a eficácia da aplicação da meia dose, as autoridades sanitárias do mundo todo terão evidência científica para dobarem a capacidade de imunização com a vacina da Fiocruz.
Dados preliminares
Coordenadora científica do estudo e gerente de Atenção à Saúde do Hucam-Ufes/Ebserh/MEC, a médica Valéria Valim apresentou os primeiros dados da pesquisa à imprensa e a representantes de órgãos governamentais. Algumas das informações preliminares são:
Das amostras de sangue coletadas entre os voluntários que nunca tiveram contato com o coronavírus, 88,3% desenvolveram anticorpos neutralizantes com a meia dose 28 dias após sua aplicação;
Os títulos de anticorpos neutralizantes induzidos por meia dose ou dose padrão foram semelhantes. Esse dado, no entanto, precisa ser confirmado pelos demais testes de imunogenicidade em andamento;
Entre as amostras de voluntários que tiveram contato com o vírus antes da pesquisa, a meia dose produziu um incremento de 37 vezes na quantidade dos anticorpos contra o Sars-Cov-2;
Não houve reações graves. O nível de efeitos adversos entre os vacinados na pesquisa foi semelhante ao de cerca de 300 trabalhadores do hospital universitário que foram imunizados com a primeira dose convencional. A diferença constatada foi que a duração desses efeitos em quem tomou a meia dose foi mais curta.
“Os anticorpos neutralizantes são uma das formas de defesa do organismo contra o vírus. No decorrer da pesquisa, a imunidade como um todo também será avaliada, mas isso demanda mais tempo. Esse resultado preliminar não libera as pessoas de seguirem adotando as medidas de proteção não farmacológicas, como uso de máscara e distanciamento”, explica a coordenadora do estudo.
As próximas fases do estudo preveem nova coleta, nos dias 11 e 12 de setembro, para avaliar a produção de anticorpos protetores, chamados neutralizantes, bem como a produção de células de memória para defesa. Estes testes serão acompanhados em intervalos de três, seis e doze meses após o estudo. O projeto de pesquisa também prevê o sequenciamento genético de todos os casos positivos de Covid-19 em Viana para o rastreio de eventuais variantes do vírus que gerem preocupação.
Resultados preliminares animadores
A campanha para a segunda dose ocorreu nos mesmos moldes da primeira. Os voluntários fizeram agendamento on-line no site da Prefeitura de Viana e os locais de vacinação imitaram os endereços das seções eleitorais do município. Os resultados de eficácia após a segunda dose e os parciais de efetividades serão disponibilizados em outubro de 2021.
O projeto foi aprovado no Comitê de Ética do Hucam-Ufes/Ebserh/MEC e pela Comissão Nacional de Ensino e Pesquisa (Conep). A pesquisa está sendo executada por meio de uma parceria entre o próprio Hucam, Ministério da Saúde (MS), Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Instituto René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz, Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa), por meio do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), e Prefeitura Municipal de Viana.
Sobre a Rede Ebserh
O Hucam-Ufes faz parte da Rede Ebserh/MEC desde abril de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, a os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos das regiões quem que os hospitais estão inseridos.
Assessoria de Comunicação Social do MEC com informações do Hucam-Ufes/Ebserh
Fonte: https://www.gov.br/mec