Estudo Solidariedade da OMS entra em nova fase com três novos medicamentos candidatos
O ensaio Solidariedade PLUS para medicamentos promissores será lançado em 52 países, uma colaboração global sem precedentes para pesquisa e desenvolvimento em COVID-19
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a próxima fase do estudo Solidariedade: o Solidariedade PLUS, que envolverá pacientes hospitalizados para testar três novos medicamentos em pacientes hospitalizados com COVID-19.
Essas terapias – artesunato, imatinibe e infliximabe – foram selecionadas por um painel de especialistas independentes por seu potencial na redução do risco de morte em pacientes hospitalizados com COVID-19. Já estão sendo usadas para outras indicações: artesunato é usado para malária grave; imatinibe para certos tipos de câncer; e infliximabe para doenças do sistema imunológico, como doença de Crohn e artrite reumatoide.
Esses medicamentos foram doados para teste por seus fabricantes.
“Encontrar uma terapêutica mais eficaz e acessível para os pacientes com COVID-19 continua sendo uma necessidade crítica e a OMS tem orgulho de liderar esse esforço global”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização. “Gostaria de agradecer aos governos participantes, empresas farmacêuticas, hospitais, médicos e pacientes, que se uniram para fazer isso em verdadeira solidariedade global.”
O ensaio Solidariedade PLUS é um estudo de plataforma que representa a maior colaboração global entre os Estados Membros da OMS. Envolve milhares de pesquisadores em mais de 600 hospitais em 52 países, 16 países a mais do que a primeira fase de testes. Isso permite que o estudo avalie vários tratamentos ao mesmo tempo usando um único protocolo, recrutando milhares de pacientes para gerar estimativas robustas sobre o efeito que um medicamento pode ter sobre a mortalidade – até mesmo os efeitos moderados. Também permite que novos tratamentos sejam adicionados e tratamentos ineficazes sejam abandonados ao longo do estudo.
Anteriormente, quatro medicamentos foram avaliados pelo ensaio. Os resultados mostraram que remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir e interferon tiveram pouco ou nenhum efeito em pacientes hospitalizados com COVID-19.
Por meio do Solidariedade PLUS, pesquisadores de todo o mundo estão tendo a oportunidade de usar sua experiência e recursos para contribuir com a pesquisa global sobre a COVID-19.
Sobre os medicamentos
Artesunato
Produzido pelo Ipca, é usado no tratamento da malária. No ensaio, será administrado por via intravenosa durante sete dias, usando a dose padrão recomendada para o tratamento da malária grave.
O artesunato é um derivado da artemisinina, um medicamento antimalárico extraído da erva Artemisia annua. A artemisinina e seus derivados têm sido amplamente utilizados no tratamento da malária e de outras doenças parasitárias por mais de 30 anos e são considerados muito seguros. O Grupo Consultivo de Terapêutica para COVID-19 da OMS recomendou a avaliação das propriedades anti-inflamatórias deste medicamento.
Imatinibe
Produzido pela Novartis, é usado para tratar certos tipos de câncer. No ensaio, será administrado por via oral, uma vez ao dia, durante 14 dias. A dose usada é a de manutenção padrão, que está na extremidade inferior da dose que os pacientes com doenças hematológicas malignas recebem por períodos prolongados.
O imatinibe é um inibidor da tirosina-quinase, formulado como um medicamento de quimioterapia oral usado para tratar certos tipos de câncer. Dados experimentais e clínicos iniciais sugerem que a droga reverte o extravasamento capilar pulmonar (pulmonary capillary leak). Um ensaio clínico randomizado realizado na Holanda relatou que o imatinibe pode conferir benefício clínico em pacientes hospitalizados com COVID-19, na ausência de problemas de segurança.
Infliximabe
Produzido pela Johnson & Johnson, é usado no tratamento de doenças do sistema imunológico. No ensaio, será administrado por via intravenosa em dose única. A dose usada é a dose padrão que os pacientes com doença de Crohn recebem por longos períodos.
O infliximabe é um inibidor do TNF-alfa, um anticorpo monoclonal quimérico que reconhece o TNF-alfa humano. Produtos biológicos anti-TNF foram aprovados para o tratamento de certas condições inflamatórias autoimunes por mais de 20 anos, demonstrando eficácia e segurança favoráveis na restrição da inflamação de amplo espectro, incluindo em populações idosas que são clinicamente mais vulneráveis à COVID-19.
Para mais informações sobre o ensaio, clique aqui.
Para mais informações sobre as atividades de pesquisa da OMS durante a pandemia, visite o site R&D Blueprint.
Fonte: https://www.paho.org