Investimento na atenção primária à saúde é urgente para garantir recuperação da COVID-19 nas Américas
O aumento dos gastos com saúde pública deve continuar a melhorar os serviços de atenção primária mais afetados, como os programas de vacinação de rotina, disse a diretora da OPAS
Com os países das Américas relatando graves interrupções nos serviços essenciais de atenção primária à saúde, investimentos urgentes são fundamentais para melhorar os sistemas de saúde continuamente enfraquecidos pela pandemia, afirmou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne.
“O subinvestimento crônico tornou as Américas vulneráveis à COVID-19”, disse Etienne nesta quarta-feira (10) em uma entrevista coletiva da OPAS. Com o aumento dos casos em algumas partes da região após um declínio de dois meses, é essencial que os países permaneçam vigilantes e priorizem os gastos públicos com saúde para que ninguém seja deixado para trás.
Poucos países investem tantos gastos públicos em seus serviços de saúde quanto deveriam, deixando-os sujeitos à escassez de pessoal de saúde e suprimentos essenciais.” – Carissa F. Etienne
Com a pandemia drenando recursos financeiros e humanos, muitos países relataram interrupções em áreas essenciais, como programas de vacinação de rotina, apoio para doenças crônicas e serviços de saúde mental e reprodutiva.
Apesar dessas interrupções, o investimento público em saúde aumentou em muitos países para aumentar a capacidade de UTI, aumentar os serviços hospitalares e implantar as vacinas contra a COVID-19. Mas esses aumentos não podem ser uma tendência de curto prazo, disse a diretora da OPAS.
Todos os países devem aumentar os gastos públicos em seus sistemas de saúde para os 6% recomendados do PIB nacional ou mais e devem garantir que 30% desse financiamento vá para a atenção primária à saúde.
“A atenção primária é a espinha dorsal de nossos sistemas de saúde”, declarou Etienne, e mais importante do que nunca. “É no nível de atenção primária que ocorrem os testes de COVID-19, rastreamento de contatos e imunizações.”
Como as economias continuam tensas, os países enfrentam escolhas difíceis sobre como gastar os fundos limitados. “Não podemos esquecer que saúde é um investimento, não uma despesa”, disse a diretora. “Como aprendemos com a COVID-19, a saúde está no centro de sociedades vibrantes. Isso mantém as pessoas trabalhando, as crianças nas escolas, as empresas produtivas e as economias em crescimento.”
Com as instituições financeiras disponibilizando empréstimos e os doadores prometendo apoio, nunca houve melhor momento para os países aproveitarem esses recursos para maximizar o investimento público em saúde”, disse Etienne.
Voltando-se à situação da COVID-19 na região, Etienne afirmou que na semana passada os países notificaram 700 mil novas infecções por COVID-19 e 13 mil mortes.
Vários países, incluindo partes da Colômbia e Bolívia e os países do Cone Sul, estão vendo tendências de aumento após o relaxamento das medidas de saúde pública.
No Caribe, Cuba, Jamaica e Porto Rico notificaram uma queda no número de novas infecções, enquanto os casos estão aumentando na República Dominicana, em Trinidad e Tobago e em Barbados. Um grande número de casos também está sendo observado nas Ilhas Cayman e em Dominica.
As taxas de vacinação, entretanto, continuam aumentando, alcançando uma cobertura geral de 48% na América Latina e no Caribe.
A OPAS continua trabalhando com os fabricantes para garantir doses adicionais, acrescentou a diretora da Organização. O organismo internacional assinou acordos de fornecimento com três fabricantes de vacinas da Lista de Uso Emergencial da OMS (EUL) e está em negociações finais com um quarto fornecedor de vacinas de mRNA.
Fonte: https://www.paho.org