Américas celebram 30 anos sem pólio; OPAS pede uma maior vigilância
O declínio das taxas de imunização, que piorou em meio à pandemia de COVID-19, levantou preocupações sobre a reintrodução da doença
Na véspera do Dia Mundial de Combate à Poliomielite, comemorado em 24 de outubro, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) comemora 30 anos do último caso de poliomielite nas Américas. Em agosto de 1991, um menino peruano das montanhas Junín se tornou a última pessoa a ser detectada com o poliovírus selvagem. Três anos depois, em 1994, as Américas se tornaram a primeira região do mundo a ser certificada como livre da pólio pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Essa conquista extraordinária foi possível graças aos esforços de vacinação em massa e à vigilância epidemiológica robusta apoiada por uma forte rede de laboratórios”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne.
Ao reconhecer o Dia Mundial de Combate à Pólio neste domingo, somos lembrados do que esta região pode alcançar quando trabalha em conjunto para manter as ameaças à saúde sob controle, quando protegemos os mais vulneráveis e garantimos que todas as pessoas tenham acesso a vacinas que salvam vidas.” – Carissa F. Etienne.
A OPAS também está pedindo aos países que aumentem as taxas de vacinação contra a poliomielite, que diminuíram nos últimos anos devido a várias causas, incluindo o aumento da hesitação vacinal.
Mesmo antes da COVID-19, a vacinação contra a poliomielite havia caído abaixo da taxa de cobertura de 95% recomendada para prevenir a reintrodução do vírus. Em meio à pandemia – que interrompeu serviços de saúde em toda a região, incluindo a vacinação de rotina -, as taxas de vacinação contra a pólio continuaram caindo. Em 2020, apenas 80% das crianças haviam recebido a terceira dose da vacina oral necessária para a imunização completa – um declínio de 87% em 2019.
“Vigilância forte e vacinação contínua são as únicas maneiras de garantir que permaneçamos livres da poliomielite e de apoiar a erradicação da poliomielite em nível global. Devemos aumentar a vacinação contra a pólio nas crianças das Américas, fortalecer nossa vigilância epidemiológica e apoiar nossas redes de laboratórios de pólio”, disse Cuauhtemoc Ruiz Matus, chefe do Programa de Imunização da OPAS.
Ruiz pediu às famílias que garantam que as crianças recebam todas as doses recomendadas da vacina contra a poliomielite. “As vacinas contra a pólio são seguras e eficazes”, afirmou. “Quando a vacinação contra a poliomielite começou, as pessoas confiaram na imunização e essa fé permitiu que as Américas se tornassem a primeira região do mundo a eliminar a doença.”
Em 1975, antes da vacinação generalizada, quase 6 mil crianças ficaram paralisadas nas Américas devido à poliomielite. Mas, com o apoio técnico da OPAS, a cobertura vacinal em crianças menores de um ano aumentou de 25% em 1978 para mais de 80% em 1993.
A poliomielite é uma doença altamente infecciosa causada por um vírus, transmitido de pessoa a pessoa por meio de matéria fecal. Embora a maioria das infecções por poliovírus não produza sintomas, o vírus pode destruir partes do sistema nervoso e causar paralisia nas pernas ou braços. Existem três tipos de poliovírus selvagens. Várias doses da vacina oral são necessárias para fornecer imunidade.
Desde 1994, quando as Américas foram certificadas como livres da pólio, outras regiões da OMS alcançaram o mesmo status. A mais recente foi a África, certificada como livre do poliovírus selvagem em agosto de 2020. Apenas dois países no mundo continuam notificando transmissão do poliovírus selvagem: Paquistão e Afeganistão.
O Dia Mundial de Combate à Poliomielite é uma comemoração anual que reconhece os esforços globais para avançar rumo a um mundo livre da pólio.
Fonte: https://www.paho.org