ANS lança campanha de conscientização sobre o parto adequado
Objetivo é alertar sobre o agendamento de partos e os riscos de cesarianas sem indicação clínica
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lança uma nova campanha de prevenção ao agendamento de cesarianas desnecessárias. O objetivo é alertar a sociedade sobre os riscos à saúde de gestantes e bebês quando há a antecipação do parto em cirurgias cesáreas agendadas sem indicação clínica.
A campanha de prevenção ao agendamento de cesarianas desnecessárias é parte das ações estratégicas do Movimento Parto Adequado, que visa reorganizar a atenção à saúde materna e neonatal no Brasil para favorecer as melhores práticas baseadas em evidências científicas em benefício da saúde de mulheres e bebês. Em 2020, na saúde suplementar, dos 484.010 partos realizados, 400.243 foram por cirurgias cesáreas – ou seja, cerca de 80%.
“Ao analisarmos os dados históricos do setor, identificamos todos os anos um incremento sazonal das cesarianas durante festas, feriados e férias, sobretudo entre dezembro e fevereiro. Possivelmente este fato está relacionado às questões de conciliação de agendas, conveniência, ou o receio da ausência de profissionais disponíveis nestes períodos. É importante esclarecer que o trabalho de parto se configura como uma situação que demanda assistência imediata. As maternidades e hospitais com serviço de atenção obstétrica e neonatal devem operar com o pronto atendimento, com equipes de plantão presencial diuturnamente (24 horas por dia/7 dias por semana), incluindo feriados”, aponta a gerente-substituta de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial da ANS, Rosana Neves. Assim, cirurgias cesáreas agendadas, sem aguardar o momento em que o bebê está pronto para nascer, acabam acarretando mais riscos à saúde e mais custos ao sistema. Exceção se faz para agendamentos de cesáreas quando há indicação clínica, o que pode salvar vidas.
Desde 2015 o Movimento Parto Adequando vem sendo desenvolvido a partir de um acordo de cooperação técnica assinado entre ANS, Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), com o apoio do Ministério da Saúde. O Movimento tem estimulado que hospitais e operadoras de planos de saúde voluntários desenvolvam modelos inovadores e viáveis de atenção à gestação, parto e nascimento, visando os melhores resultados para a saúde de mães e bebês. Entre os hospitais participantes, são estimuladas medidas importantes para o cuidado adequado em qualquer data do ano: acolhimento das gestantes desde o pré-natal; maior disponibilidade de equipes plantonistas multiprofissionais, incluindo enfermeiras obstétricas e anestesistas; assim como uso adequado de métodos não-farmacológicos para alívio da dor, como chuveiro e massagens; bem como um rigoroso processo para agendamento de cirurgias cesáreas eletivas. Até hoje, já foram evitadas mais de 20 mil cesáreas desnecessárias e houve uma redução de 16% nas internações em UTI neonatal.
Esperar o bebê estar pronto para nascer é o mais adequado
Segundo o Painel de Indicadores de Atenção Materna e Neonatal, no ano de 2019, nos hospitais privados (não necessariamente vinculados aos planos de saúde), o maior percentual de realização de cirurgias cesáreas ocorreu entre 37 e 38 semanas (37,29%). A interrupção abrupta desse processo de amadurecimento, na 37ª semana, gera perdas múltiplas, pois entre a 37ª e a 38ª semana de gestação, os órgãos vitais do bebê, como o coração e pulmão, estão completando seu desenvolvimento e o bebê aprimora a sua capacidade de sugar e de engolir, o que pode afetar diretamente a amamentação.
Já os partos vaginais foram realizados mais vezes entre 40 e 41 semanas (29,80%). Conforme divulgamos em campanhas anteriores, de 40 a 42 semanas, os pulmões estão maduros e o trabalho de parto pode começar espontaneamente, o que indica que o bebê está pronto para nascer. É importante considerar também que, durante o trabalho de parto, tanto o corpo da mãe quanto o corpo do bebê trabalham em cooperação no esforço que conduz ao nascimento, o que contribui de forma fundamental para a maturação do organismo do bebê.
De forma geral, o tempo mínimo ideal de uma gestação é de 39 semanas. Existe uma Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que estabelece que cesarianas a pedido da gestante só podem ser realizadas a partir de 39 semanas. A literatura médica aponta uma margem de erro de cerca de uma a duas semanas na idade gestacional, o que ocorre devido às diferentes formas de se medir o tempo de uma gestação. Desta forma, se houver o agendamento de uma cirurgia cesariana e a estimativa da idade gestacional estiver equivocada, o bebê nascerá prematuro. Exceto nos casos em que há uma indicação médica para a realização da cirurgia cesárea, explicada com clareza pelo profissional de saúde, compreendida pela gestante e seus familiares e documentada no prontuário da paciente na internação, a decisão mais saudável para mães e bebês é aguardar o início do trabalho de parto.
Fonte: https://www.gov.br/ans