Apesar da queda de novas infecções nesta semana, pandemia continua desafiando profissionais de saúde nas Américas
OPAS adverte que o recente aumento nos casos de COVID-19 sobrecarregou os sistemas de saúde. Países devem aumentar urgentemente quadro profissional e priorizar sua vacinação
Os casos de COVID-19 caíram em um terço nas Américas esta semana, mas os profissionais de saúde continuam enfrentando condições desafiadoras devido a sistemas que não estão preparados para apoiá-los, afirmou nesta quarta-feira (9) a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne.
“Quando os casos aumentam exponencialmente, como nas últimas semanas, a carga recai principalmente sobre as pessoas que impulsionam nossos sistemas de saúde”, disse Etienne. “Para eles, não há nada de leve nessa onda de Ômicron.”
Com as infecções chegando à marca de 4,8 milhões (uma queda de 31% em relação à semana passada) e 33 mil novas mortes, a diretora da OPAS disse que a região continua presa à última onda de COVID-19 e pediu aos países que aproveitem as lições aprendidas com a pandemia até o momento à medida que as clínicas e os hospitais voltam a ficar lotados.
“Anos de subinvestimento em nossos serviços de saúde, sistemas de informação desatualizados e más condições de trabalho tornaram o trabalho de nossos profissionais de saúde desafiador”, alegou Etienne, destacando que essas desvantagens foram exacerbadas pela COVID-19.
Um estudo da OPAS lançado nesta semana mostra que, ao longo da pandemia, médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde da linha de frente atenderam mais pacientes, trabalharam mais horas e sofreram maiores taxas de infecção por COVID-19.
Em alguns países, como Equador e Bolívia, mais de 10% dos profissionais de saúde contraíram COVID-19 e muitos outros não tiveram acesso a equipamentos de proteção individual (EPI) suficientes. Isso levou a “taxas elevadas de sintomas depressivos, pensamentos suicidas e sofrimento psicológico”, disse a diretora da OPAS.
Garantir acesso aos EPIs e priorizar a vacinação dos profissionais de saúde são pontos fundamentais para resolver esses problemas e permitir que profissionais de saúde façam seu trabalho com segurança.
“Agora, mais do que nunca, devemos garantir que os profissionais de saúde estejam protegidos com vacinas contra COVID-19 que salvam vidas e que tenham prioridade para reforços de vacina, quando disponíveis”, afirmou Etienne.
A diretora da OPAS citou políticas como bonificações e seguro de vida, bem como testes regulares e transição de gestantes e idosos para o trabalho de telemedicina, como estratégias que os países podem aplicar para proteger os profissionais de saúde.
“Investir em nossa força de trabalho em saúde não deve ser algo que os países fazem apenas durante uma emergência”, ressaltou Etienne, acrescentando que um investimento nesses trabalhadores é “um investimento em todos nós”.
Voltando-se à situação da COVID-19 na região das Américas, a diretora da OPAS disse que uma tendência se destaca: “Países com maior cobertura vacinal estão vendo menores internações e mortes na UTI”. Informou também que, na América do Norte, novas infecções e mortes diminuíram nos três países.
As infecções também estão diminuindo na América Central e do Sul, mas as mortes continuam aumentando nessas áreas. As hospitalizações também estão aumentando na maioria dos países do Cone Sul.
No Caribe, com exceção de São Vicente e Granadinas e Dominica, que registraram um aumento em novas infecções, os casos começaram a desacelerar. As mortes, no entanto, continuam a subir.
Fonte: https://www.paho.org