Avanços expressivos para área de saúde
Tecnologia vai permitir uma medicina mais interativa e acessível
Da telemedicina ao monitoramento remoto de pacientes, procedimentos de alta precisão e cirurgias robóticas, a expectativa é que a tecnologia 5G promova avanços expressivos na área da saúde. O aumento da velocidade de transmissão de dados, da capacidade de armazenamento e da conectividade de aparelhos móveis tende a tornar a medicina mais interativa e também mais acessível.
“A tecnologia 5G representa uma nova oportunidade de alavancar uma medicina mais acessível a todos os brasileiros e significa uma nova porta de negócios para hospitais e serviços de saúde”, diz Lílian Quintal Hoffmann, diretora-executiva de tecnologia e operações da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Com uma latência (atraso) mínima, de no máximo 10 milissegundos, a tecnologia favorecerá atendimentos e procedimentos à distância. Será possível enviar em tempo real exames de imagem em alta resolução e grande volume de dados, utilizar recursos como realidade virtual e realidade aumentada para tratamentos e treinamentos de profissionais. Na telemedicina, o acesso instantâneo a grande quantidade de informações e acompanhamento em tempo real de exames dinâmicos facilitará o diagnóstico e tornará o atendimento mais eficiente.
Uma das possibilidades é a criação de unidades de atendimento remoto nos principais centros urbanos, capazes de levar a medicina a áreas periféricas e regiões remotas do país. “Esse é o nosso grande desejo, para tornar o atendimento bem mais democrático”, diz Hoffmann. Mas é preciso que a tecnologia chegue a esses locais. Há regiões no país ainda sem acesso ao 4G, nota a especialista. A telecirurgia, procedimento realizado remotamente com o uso de robôs, também é uma das grandes apostas.
“A banda 4G foi um ganho grande, mas existe ainda um tempo de latência suficiente para termos um atraso de resposta, impedindo certos tipos de manipulação de imagem para, por exemplo, segunda opinião e monitoramento de pacientes à distância”, diz Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, da qual faz parte o Hospital Israelita Albert Einstein. Esse tempo de atraso é precioso em procedimentos de alta precisão.
Tudo o que o Einstein faz hoje em telemedicina, diz Klajner, terá uma eficiência muito maior com o 5G, principalmente no que se refere a procedimentos. Klajner cita como exemplo o projeto piloto do Einstein em conjunto com os ministérios da Saúde e da Defesa, que desde julho leva atendimento médico por telemedicina a cerca de 3 mil pessoas da região do Alto Rio Negro (AM), incluindo populações de cinco comunidades indígenas. A assistência virtual abrange 11 especialidades, incluindo teleultrasonografia – exame de ultrassom realizado remotamente, que será especialmente beneficiado com a chegada do 5G. Pioneiro na implantação da telemedicina no Brasil, em 2012, o Einstein oferece vários serviços de assistência remota, com quase 1,6 milhão de usuários.
“Alguns exames dinâmicos, como cateterismo, vão poder ser transmitidos instantaneamente e com isso poderemos dar um laudo, uma segunda opinião, indicar um procedimento de forma remota”, diz Carlos Carvalho, diretor da divisão de pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) da FMUSP. A interação médico-médico e a discussão de casos vai ser muito acelerada, afirma. Será possível também, diz Carvalho, transmitir cirurgias em tempo real com altíssima qualidade de imagem.
Já para Luciano Nader de Araújo, médico sênior da área de telemedicina e inovação do Hospital Sírio-Libanês, a capacidade técnica do 4G é mais que suficiente para as ações de saúde mais relevantes e de maior impacto social a curto e médio prazo. “Os principais benefícios específicos do 5G com velocidades 50 a 100 vezes mais rápidas que o 4G, baixa latência, levando a respostas mais rápidas.”
Fonte: https://valor.globo.com/