Com as Américas enfrentando a COVID-19 e a varíola dos macacos, a prevenção é fundamental para frear surtos e proteger a saúde pública, diz diretora da OPAS
Com as Américas tendo agora o maior número de casos de varíola dos macacos no mundo e com a COVID-19 permanecendo uma “grande ameaça” para a região, a prevenção é fundamental para evitar infecções e proteger a saúde das pessoas, disse a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne.
Apesar do declínio nos casos, hospitalizações e mortes por coronavírus nas Américas, “centenas de pessoas continuam a morrer diariamente de COVID-19 em nossa região”, disse Etienne durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (7). “No entanto, os países reduziram suas medidas de saúde pública e milhões permanecem não vacinados”, disse.
Enquanto a maioria das vacinas administradas nas Américas são de reforço, dez países e territórios ainda não vacinaram completamente até 40% de sua população e algumas pessoas ainda não receberam uma única dose de vacina.
“Não devemos nem podemos ser complacentes, porque este vírus ainda está circulando, ainda está evoluindo e novas variantes ainda podem surgir”, afirmou a diretora da OPAS, pedindo aos países que priorizem os que permanecem desprotegidos, inclusive as crianças.
Sobre o surto de varíola dos macacos, Etienne observou que mais de 30.000 casos foram notificados na região, fazendo das Américas o epicentro global da epidemia.
A maioria dos casos na região se concentra nos Estados Unidos, Brasil, Peru e Canadá, e principalmente entre homens que fazem sexo com homens, embora pelo menos 145 casos tenham sido notificados em mulheres e 54 em pessoas menores de 18 anos.
Após um pedido dos Estados Membros da OPAS em uma sessão especial de seu Conselho Diretor em agosto, a OPAS chegou a um acordo com o produtor da vacina contra a varíola dos macacos para torná-la disponível aos países da região.
Entretanto, diante da escassez global de vacinas e da falta de tratamento eficaz, Etienne exortou os países a “intensificar os esforços para evitar a propagação do vírus”.
Isso inclui campanhas de comunicação eficazes, com mensagens práticas, honestas e específicas, “para que todos saibam como a varíola dos macacos é transmitida, como identificar sintomas específicos e quando procurar atendimento médico”.
A diretora da OPAS também pediu o aumento e descentralização da capacidade de realização de testes, particularmente para populações de alto risco, ressaltando a necessidade de assegurar que os trabalhadores de saúde estejam capacitados para identificar os sintomas e fornecer cuidados respeitosos e de alta qualidade.
Etienne também pediu aos países que enfrentem o estigma envolvendo a doença, porque isso afasta as pessoas em risco das informações necessárias, dos testes e dos cuidados de saúde.
“Não há espaço para estigma na saúde pública”, disse. “Se não formos proativos na superação dessas barreiras, a varíola dos macacos se espalhará silenciosamente”, advertiu.
A OPAS está trabalhando com países da região para priorizar doses limitadas de vacinas existentes para grupos de alto risco e para reforçar a triagem. Também tem desenvolvido orientações e oferecido oficinas para apoiar os esforços dos países na participação das comunidades afetadas.
“Como vimos com a resposta mundial à COVID-19, o acesso aos recursos e a colaboração sustentada são fundamentais para deter um vírus”, enfatizou Etienne. “Uma resposta eficaz de saúde pública exige que sejamos decisivos, que atuemos rapidamente e que priorizemos o apoio aos mais vulneráveis em nossa região”, afirmou.
Fonte: https://www.paho.org