Crescimento rápido do número de casos de Covid pode pressionar novamente o sistema de saúde no país
Boletim semanal da Fiocruz revelou um aumento na ocupação de leitos para casos de síndrome respiratória aguda grave, que inclui a gripe e o coronavírus.
O boletim semanal da Fiocruz revelou um aumento na ocupação de leitos para casos de síndrome respiratória aguda grave, que inclui a gripe e a Covid.
Em um dos hospitais de referência para casos de síndrome respiratória aguda grave em São Paulo, a taxa de ocupação oscila junto com a velocidade de transmissão do vírus. Hoje, 60% dos leitos de UTI estão ocupados com pacientes com síndrome respiratória, a grande maioria com influenza. Logo após o ano novo, a taxa chegou a 70%. Dos que estão com Covid, a maior parte é ocupada por pacientes que não estão totalmente imunizados.
“No caso da Covid, a maioria dos pacientes… Tem vários pacientes internados lá que têm alguma vacinação incompleta muitas vezes, o esquema vacinal incompleto. E temos pacientes também que não foram vacinados”, afirma Patrícia Gonçalves Guimarães, diretora do Hospital Municipal da Brasilândia.
Ocupação de leitos de UTI para Covid — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
A Organização Mundial da Saúde informou que 90% dos pacientes hospitalizados com casos graves de Covid no mundo todo não estão vacinados.
A Fiocruz alerta que o crescimento rápido e expressivo do número de casos de Covid pode pressionar novamente o sistema de saúde. Até porque, em muitos estados, os leitos destinados a pacientes contaminados pelo coronavírus foram fechados, com a melhora dos dados da pandemia no segundo semestre de 2021. Assim, o percentual de leitos ocupados se refere a um número muito menor de vagas que existiam antes da vacinação.https://c0123d8e3d33880ba468807d3017063a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
A Fiocruz analisou a evolução da ocupação das UTIs entre os dias 20 de dezembro de 2021 e 5 de janeiro de 2022. Houve um aumento significativo de pacientes internados em estados como Tocantins, Alagoas, Espírito Santo, Goiás e Minas Gerais. Estados que atualmente não contam com o mesmo número de leitos em relação aos últimos meses, como em Alagoas, onde os leitos foram reduzidos pela metade. Lá, a taxa de ocupação das UTIs saltou de 20% para 68%. Piauí, Pernambuco e Bahia aumentaram a oferta de leitos de UTI nas últimas semanas para dar conta da demanda.
Pesquisadores da Fiocruz explicam que, com boa parte da população vacinada, e a menor severidade da doença provocada pela ômicron, o que vai aumentar a pressão sobre os hospitais é a enorme capacidade de contágio da nova cepa. Mesmo provocando doenças menos graves, se muita gente contrai, uma quantidade maior de pacientes acaba procurando as enfermarias e prontos-socorros.
“Um grande volume de casos, você tem mais chances de que haja uma ocorrência de um número significativo de casos graves, demandando leitos de UTI”, afirma Margareth Portela, pesquisadora da Fiocruz.
“A gente estima que seja aproximadamente 1% de casos que eventualmente vão precisar de leitos por uma doença grave causada por essa nova cepa circulando entre nós. Agora tudo depende, os números são muito relativos, 1% de 100 é muito pouca gente, mas 1% de 1 milhão já não é algo desprezível. É muita gente”, explica a pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo.
E a vacinação agora se torna ainda mais urgente.
“O fato da população estar protegida certamente está fazendo diferença em relação à reposta das pessoas. Quer dizer, um grande número de infecções sem muita gravidade”, diz Margareth Portela.
“O mais importante e estratégico para que todos entendam é que quanto mais vacinado com doses de reforços nós estivermos, mais protegidos nós vamos estar de uma cepa que, nós sabemos, é quase impossível não se contaminar”, destaca Dalcolmo.