DF é o segundo lugar do País a aplicar teste rápido para hanseníase
Estratégia para combater a doença ganhará reforço com capacitação de agentes comunitários que farão busca ativa de prováveis pacientes
O Distrito Federal é a segunda Unidade da Federação, depois do Ceará, a aplicar teste rápido para identificar o bacilo causador da hanseníase em pessoas com suspeita da doença. O equipamento faz parte das ações de Busca Ativa em Hanseníase, lançada, nesta segunda-feira (09), na Unidade Básica de Saúde nº3, no Paranoá.
Neste momento, os testes disponíveis são apenas para treinamento e capacitação dos servidores que farão busca ativa de prováveis doentes. O material foi doado pelo fabricante para o País. O Ministério da Saúde é responsável pela aquisição e distribuição para o Distrito Federal e 78 municípios participantes da estratégia. O Brasil é o primeiro país no mundo a adotar esses testes na rede pública de Saúde.
A iniciativa Ações de Busca Ativa em Hanseníase foi lançada na Unidade Básica de Saúde nº 3, no Paranoá. Foto: Sandro Araújo – Agência Saúde DF
“Diagnosticar mancha branca na pele é difícil para um dermatologista, imagine para um médico de família que cuida de prevenção, diabetes, casos de câncer”, exemplifica o secretário-adjunto de Assistência à Saúde da Secretaria de Saúde do DF, o dermatologista Pedro Zancanaro. Ele ressalta que quanto mais possibilidades de identificar a doença melhor para a população. “É importante capacitar os nossos profissionais para acompanhar e, principalmente, orientar esse paciente”.
O Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de hanseníase, atrás apenas da Índia. A informação passada pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, alerta para a preocupação que os gestores desses dois países devem ter. “Na Europa e nos Estados Unidos não há casos de hanseníase, então daí não virão soluções”, alerta.
Ele ressaltou que não havia testes para diagnóstico da doença. O médico explicou que a importância da tecnologia é a possibilidade de quebrar a cadeia de transmissão da doença, ao identificar precocemente quem está contaminado.
O secretário-adjunto de Assistência à Saúde da Secretaria de Saúde do DF, Pedro Zancanaro, ressalta que quanto mais possibilidades de diagnosticar a doença melhor para a população. Foto: Sandro Araújo – Agência Saúde DF
Testagem
A coordenadora geral de Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, Carmelita Ribeiro Filha Coriolato, detalhou que o teste rápido não oferece o diagnóstico definitivo, apenas mostra que a pessoa teve contato com o bacilo. Neste momento, a orientação do Ministério é que sejam testadas pessoas com integrantes da família já diagnosticados. Caso o reagente dê positivo, é necessário que faça um segundo exame, a baciloscopia, para descarte ou confirmação.
“Essa é uma doença que afeta principalmente a população jovem masculina, de 30 a 50 anos, que muitas vezes são o arrimo da família. Além das manchas, pode causar lesão neurológica periférica, com a perda de movimentos do corpo”, informa a especialista.
A coordenadora geral de Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, Carmelita Ribeiro Filha Coriolato, explicou que a hanseníase afeta principalmente homens de 30 a 50 anos. Foto Sandro Araújo – Agência Saúde DF
O motorista de aplicativo Jonathan Paulo do Nascimento Lima, 24 anos, foi a primeira pessoa do DF a ser testada com o novo equipamento. O avô tem hanseníase. Após uma furadinha no dedo, ele precisou aguardar 10 minutos para receber o resultado negativo. “Achei prático, rápido, não senti dor. Bem legal”, avaliou.
A enfermeira da família e comunidade que aplicou o teste em Jonathan, Jéssica Bohrer, acredita que os testes vão ser melhor para a população. “Hoje a avaliação é restrita ao exame clínico, agora podemos perceber até antes de desenvolver para algo mais grave.”
A expectativa do Ministério da Saúde é que até setembro os 78 municípios selecionados pelo número de casos de hanseníase tenham começado a capacitação dos agentes que vão testar a população. Aqui no DF, 55 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) foram capacitados na semana passada.
Dados do boletim sobre hanseníase da Secretaria de Saúde, publicado em julho do ano passado, com estatísticas referentes a 2020, apontaram que naquele ano, foram 218 casos novos de hanseníase em residentes no DF.
Fonte: https://www.saude.df.gov.br