Dia Mundial da Saúde: Tabagismo é uma doença crônica que causa danos gravíssimos ao meio ambiente
Dependente de nicotina ainda está sujeito a desenvolver outras enfermidades como as cardiovasculares e o câncer
O Dia Mundial da Saúde deste ano, promovido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), apresenta o tema “Nosso planeta, nossa saúde”. A data é celebrada nesta quinta-feira (07) e incentiva diversos debates. Dentre os assuntos, a Secretaria de Saúde reflete sobre a importância da prevenção ao uso do tabaco e a promoção do meio ambiente saudável.
O tabagismo é uma doença crônica e está relacionado com o desenvolvimento de aproximadamente 50 outras enfermidades. Como exemplo estão os diversos tipos de câncer: pulmão, boca, laringe, faringe, estômago, esôfago, bexiga, etc. Além de doenças do aparelho respiratório como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), enfisema simples, bronquite crônica, asma, entre outras.
A enfermidade também pode resultar em doenças cardiovasculares: infarto cardíaco, angina, hipertensão, acidente vascular cerebral, etc. E outras doenças como úlceras do aparelho digestivo. E ela contribui também para a impotência sexual, osteoporose, catarata, menopausa precoce e complicações na gravidez.
“A pandemia interferiu em todos os sentidos da nossa vida. É extremamente importante abandonar o uso do tabaco, pois evita o desenvolvimento de outras doenças crônicas além do tabagismo. Quanto mais cedo a pessoa parar de fumar, menor o risco de adoecimento e morte precoce”, alerta a pneumologista e Referência Técnica Distrital (RTD) de Tabagismo, Nancilene Melo.
Em 2019, 12% da população do Distrito Federal eram fumantes, o que corresponde a 288.802 pessoas. O dado é do IBGE e da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) Com a pandemia, não foi possível dar continuidade à pesquisa.
Nancilene destaca que o tabaco causa danos desde o seu cultivo até o descarte de guimbas e dos dispositivos. Além de empobrecer a terra do cultivo, a substância causa danos à saúde dos trabalhadores das plantações de tabaco e consumidores dos produtos fumígenos, contribuindo para o desmatamento. Ainda culmina com a contaminação da terra e mares pelas substâncias contaminantes das guimbas e baterias, no caso dos dispositivos eletrônicos. “Então, quanto menos pessoas estiverem consumindo, menos danos ocorrerão”, aponta.
Segundo a RTD de Tabagismo, os dispositivos eletrônicos são apenas tecnologias modernas para consumir a nicotina. E não existe forma de consumo ou quantidade segura de nicotina para uso.
“O cigarro eletrônico não possui combustão e nem o alcatrão. Mas tem, pelo menos, 80 substâncias nocivas à saúde, destacando-se metais pesados e substâncias cancerígenas. Já é comprovada a existência de uma doença pulmonar chamada Evali relacionada a esses dispositivos. Trata-se de uma doença grave, que acometeu jovens nos Estados Unidos, mas temos alguns casos já noticiados aqui no Brasil”, detalha.
De acordo com Nancilene, esses dispositivos ainda podem conter elementos com potencial explosivo, como ocorreu com um usuário no Distrito Federal. “Além de saborizantes da indústria alimentícia que camuflam a agressão dessas substâncias inaladas. Costumo dizer que o pulmão não come, ele respira. Logo, não foi preparado para digerir e, não sabemos ainda quais serão as consequências desse uso a longo prazo”, avalia.
Consequências ao meio ambiente
Pesquisas apontam que fumantes jogam em média 10 bitucas de cigarro por dia em vias públicas. Considerando 30 dias para cálculo e que cada bituca pese 1 grama, e em seguida convertendo esse valor para o peso de rinocerontes brancos, resulta-se em 86.641 kg ou 38 rinocerontes brancos por mês.
Outra comparação é pensando na distância que essas bitucas poderiam alcançar. Estabelecendo o comprimento de 2cm por bituca, por mês, elas corresponderiam à distância de 1.733 km, podendo ser enfileiradas, por exemplo, de Brasília a capital do Piauí, Teresina.
A cada 300 cigarros, uma árvore é cortada para uso nas fornalhas e produção de produtos de tabaco (secagem). Alguém que fuma um maço de cigarro por dia estará derrubando uma árvore de 15 em 15 dias. Em um ano, seriam 5.891.567 árvores. O número acima foi calculado considerando como base a média de 17 cigarros por fumante.
Tratamento na rede
Na rede pública do DF, o tratamento para auxiliar quem deseja parar de fumar é oferecido em cerca de 80 centros cadastrados, distribuídos nas sete Regiões de Saúde. Quem tiver interesse, deve procurar a unidade básica de saúde mais próxima da sua residência ou local de trabalho e fazer a inscrição.
O tratamento segue uma abordagem cognitivo-comportamental, associado, quando necessário, a medicamentos que visam aliviar os sintomas da crise de abstinência causada pela dependência da nicotina, informa a RTD de Tabagismo.
Fonte: https://www.saude.df.gov.br