Diretora da OPAS pede que países “não deixem ninguém para trás” na transformação digital da saúde pública
A OPAS apresentou um “chamado à ação” com oito metas durante a conferência de ministros da saúde de alto nível para avançar a digitalização
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, pediu nesta terça-feira (23) aos ministros e oficiais da saúde nas Américas que trabalhem em direção a oito metas na transformação digital da saúde pública, incluindo o alcance da conectividade universal.
“Precisamos olhar de novo para a saúde pública, muito mais holística e inclusiva, que considere novos fatores críticos para o sucesso das intervenções, como conectividade, largura de banda, interoperabilidade e inteligência artificial, entre outros”, disse Etienne em uma conferência virtual de alto nível de oficiais da saúde. “Esta abordagem renovada também deve considerar as desigualdades na era digital para garantir que a exclusão digital não amplie as lacunas nas desigualdades em saúde.”
A saúde digital, na qual as pessoas e os sistemas de saúde em todos os países estão conectados eletronicamente para que suas informações de saúde estejam facilmente disponíveis e sejam transferíveis, é importante tanto para pacientes quanto para prestadores de serviços de saúde. O objetivo dessa iniciativa é universalizar isso até o ano de 2030.
A oito metas incluem a criação de produtos digitais de saúde pública; acelerar o progresso para as populações vulneráveis; cooperação global em tecnologias emergentes; e implementação de sistemas de informação e saúde digitais abertos e sustentáveis que funcionem entre si.
Etienne ressaltou que a pandemia de COVID-19 expôs a necessidade de os sistemas de saúde serem mais resilientes, interdisciplinares, intersetoriais e interconectados do que nunca. “Pode parecer óbvio, mas para atingir o objetivo de não deixar ninguém para trás, primeiro precisamos saber que essa pessoa existe, precisamos saber onde ele ou ela está e precisamos saber qual é a sua situação social e de saúde.”
“Também é imperativo saber de forma consistente o estado de nossos sistemas de saúde e sua capacidade de responder às necessidades particulares dos indivíduos, suas comunidades e famílias”, acrescentou a diretora da OPAS. “E a única maneira de saber isso é se tivermos sistemas de informação capazes de capturar e processar dados críticos e desagregados e torná-los disponíveis para todo o sistema de saúde, sem exceções.”
A conferência, que incluiu representantes de países das Américas, originou-se da iniciativa Sistemas de Informação para Saúde (IS4H), de 2016, formada durante reuniões entre a OPAS e líderes caribenhos em Kingston, Jamaica. O objetivo da iniciativa foi definido como implementar o acesso universal à saúde e a cobertura de saúde por meio do fortalecimento dos sistemas de informação interconectados que fornecem dados de alta qualidade, informações estratégicas e ferramentas digitais de saúde para a tomada de decisões e bem-estar.
Nos anos seguintes, as nações da América Central e da América do Sul aderiram à iniciativa do Caribe. Um plano de ação para apoiar a iniciativa foi aprovado durante a reunião do Conselho Diretor da OPAS em 2019.
Em outros marcos, vários países membros da OPAS implementaram roteiros para desenvolver e fortalecer os sistemas de informação. Com base no forte compromisso dos países membros, a OPAS forneceu US$ 1,5 milhão para apoiar projetos que contribuem diretamente para a Agenda de Saúde Sustentável 2018-2030. Quarenta países apresentaram 172 projetos e 37 projetos receberam os recursos.
Em quatro anos, foi avaliada a maturidade dos sistemas de informação em saúde em 49 países da América Latina e do Caribe. Um kit de ferramentas, que inclui diretrizes técnicas, instrumentos de gestão, podcast e cápsulas de conhecimento para a implementação do projeto, foi desenvolvido para os Estados Membros. A OPAS forneceu apoio técnico e orientação durante toda a iniciativa.
“Desde 2016 e até agora, fizemos um progresso significativo e podemos atestar o nível de maturidade dos sistemas de informação de todo o continente”, disse o subdiretor da OPAS, Jarbas Barbosa.
“Isso nos permitiu ter roteiros e projetos específicos para o desenvolvimento e fortalecimento de sistemas de informação com base nas evidências disponíveis e em conformidade com uma estrutura comum que nos permite concentrar esforços nas prioridades locais”, explicou Barbosa. “Isso nos dá a confiança necessária para darmos mais um passo essencial juntos rumo ao posicionamento da saúde pública o qual o secretário-geral das Nações Unidas chamou de “A Era da Interdependência Digital”.
Fonte: https://www.paho.org/