Estratégia de Saúde Cardiovascular completa um ano e orienta prevenção
Objetivo é qualificar a atenção integral às pessoas com condições consideradas fatores de risco para problemas do coração e/ou vasos sanguíneos
As doenças cardiovasculares estão presentes em pelo menos 6,12% da população brasileira. Em novembro, o Ministério da Saúde celebra um ano da instituição da Estratégia de Saúde Cardiovascular (ESC) no Sistema Único de Saúde (SUS). Com o objetivo de qualificar a atenção integral às pessoas com condições consideradas fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, a ECV também prevê estímulo na adesão ao tratamento e a consequente redução de complicações.
Todos os anos, milhares de pessoas vão a óbito em decorrência dessas doenças, que são a principal causa de morte no Brasil. Em 1990, os problemas do coração e/ou vasos sanguíneos levaram mais de 269 mil pessoas ao falecimento, número que subiu para mais de 397 mil em 2019. Segundo a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS/MS) esse aumento estaria relacionado ao envelhecimento da população.
No mesmo ano de 2019, 83% das mortes por doenças cardiovasculares no Brasil foram atribuídas a fatores de risco. A hipertensão arterial sistêmica é a mais frequente, além de outros fatores, como alimentação nutricionalmente inadequada, elevados níveis de açúcar no sangue — hiperglicemia — e alto índice de massa corporal — IMC.
Diante desse impacto, as ações de sensibilização, a exemplo da Estratégia de Saúde Cardiovascular, são fundamentais para que a a sociedade tenha conhecimento dos fatores de risco responsáveis por complicações à saúde do coração.
Hipertensão
A hipertensão arterial sistêmica é uma doença crônica não transmissível, conhecida pela famosa medição “14 por 9”. Tecnicamente falando, é o nível elevado e persistente da pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e/ou diastólica maior ou igual a 90 mmHg. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde apontam que a hipertensão alcança quase 24% dos adultos com 18 anos ou mais, índice que corresponde a mais de 38 milhões de brasileiros.
O tratamento para controle da hipertensão inclui ações não farmacológicas, como atividade física, alimentação adequada e saudável, além de evitar uso de produtos do tabaco e o consumo de bebidas alcoólicas. Também inclui abordagem medicamentosa, que deve ser acompanhada por um profissional na Unidade Básica de Saúde.
Por se tratar de uma doença que frequentemente não apresenta sintomas, a hipertensão pode evoluir e causar agravos em diversos órgãos, como rins, cérebro e coração. O rastreamento é uma importante ferramenta de detecção e diagnóstico precoce. O Ministério da Saúde recomenda exames regulares para:
- Pessoas com idade maior ou igual a 18 anos;
- Pessoas em qualquer idade com fatores de risco para hipertensão, como obesidade e diabetes.
Na Atenção Primária à Saúde, o cuidado da pessoa com hipertensão contempla:
- Ações de promoção e prevenção à saúde;
- Acesso a diagnóstico e medicamentos gratuitos;
- Ações de educação em saúde;
- Consultas para acompanhamento e monitoramento dos níveis pressóricos (aferição da pressão arterial) pelo menos a cada seis meses.
Diabetes
A diabetes mellitus tem como principal característica os níveis elevados de glicemia (tipo de açúcar), decorrentes de deficiência na produção ou ação da insulina. O Sistema de Informações Hospitalares (SIH) registrou, em 2021, mais de 129 mil internações no SUS por essa condição.
Se comparado com a hipertensão arterial sistêmica, a diabetes é menos prevalente na população, alcançando 7,7% dos adultos maiores de 18 anos. Apesar disso, também impacta significativamente a saúde das pessoas, por ser capaz de causar complicações micro e macrovasculares, ou seja, nefropatias (doenças nos rins), neuropatias (doenças nos nervos), retinopatias (problemas na retina ocular), doenças coronarianas (coração), doenças arteriais periféricas (circulação do sangue), doenças cerebrovasculares (como trombose ou embolia) e insuficiência cardíaca.
O rastreamento é fundamental para identificar o diabetes em fase inicial, possibilitar a oferta de tratamento precoce e reduzir o risco de complicações e o número de óbitos. O Ministério da Saúde reforça o rastreamento para:
- Pessoas com idade maior ou igual a 45 anos;
- Pessoas em qualquer idade com sobrepeso/obesidade e fatores de risco para diabetes tipo 2, como inatividade física, história familiar em primeiro grau, história de doença cardiovascular, entre outros;
- Pessoas em qualquer idade que apresentem sinais e sintomas clássicos de diabetes tipo 2, como poliúria, polidipsia, perda ponderal e polifagia, ou os menos específicos, mas que merecem atenção, como fadiga/fraqueza, visão turva, prurido vulvar ou cutâneo.
Na Atenção Primária à Saúde, o cuidado da pessoa com diabetes contempla:
- Ações de promoção da saúde e prevenção dos fatores de risco;
- Acesso ao diagnóstico e a medicamentos gratuitos;
- Ações de educação em saúde;
- Consultas para acompanhamento e monitoramento dos níveis glicêmicos pelo menos a cada 6 meses.
Acompanhamento
Existe ainda o exame de estratificação do risco cardiovascular. Trata-se de uma avaliação de fatores clínicos (pressão arterial, tabagismo, índice de massa corpórea, diabetes e outros), para que se possa identificar o risco de ocorrer eventos e doenças cardiovasculares em uma pessoa, em determinado tempo, geralmente dez anos. Ou seja, o objetivo é orientar a prevenção desse tipo de doença.
A estratificação do risco cardiovascular pode ser realizada em qualquer Unidade Básica de Saúde, em todos os indivíduos com idade entre 40 e 74 anos. O Ministério da Saúde recomenda repetir a avaliação anualmente.
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Fonte: https://www.gov.br/saude