Governo Federal anuncia R$ 310 milhões para a fase III do estudo da vacina nacional contra o coronavírus
Anuncio foi feito durante cerimônia de alusão aos dois anos de criação da RedeVírus MCTI, um comitê de especialistas em virologia que direcionam as ações de combate à Covid-19
O Governo Federal por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) anunciou na tarde desta quinta-feira (10) o aporte de R$ 310 milhões para a fase III do estudo da vacina nacional contra o coronavírus, a RNA MCTI CIMATEC HDT. O recurso será disponibilizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) por meio de chamada pública, via subvenção, para selecionar propostas para apoio financeiro à execução do Ensaio, cujo Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) tenha sido desenvolvido por pesquisadores brasileiros. Podem concorrer empresas brasileiras que, isoladamente ou em conjunto, comprovem experiência na produção de produtos biológicos e possuam objeto social compatível com o projeto apresentado na data de lançamento do edital. É obrigatória a parceria com Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) brasileiros.
O anúncio foi feito durante cerimônia de alusão aos dois anos da criação da RedeVírus MCTI um comitê de assessoramento estratégico criado pelo ministério antes mesmo da OMS declarar a pandemia do coronavírus. A rede reúne especialistas e centros de pesquisa atuando na articulação de laboratórios e atividades de pesquisa para o enfrentamento da Covid-19 e outras viroses emergentes. “Tenho muito orgulho da RedeVírus MCTI. Posso afirmar que as futuras gerações estarão melhores preparadas para as próximas pandemias, que infelizmente iremos enfrentar. E essa preparação se deve ao trabalho essencial dos pesquisadores da RedeVírus MCTI”, declarou o ministro do MCTI, astronauta Marcos Pontes.
Em 10 de fevereiro de 2020 foram reunidos no MCTI especialistas renomados em viroses emergentes, representantes do Ministério da Saúde, de entidades científicas e institutos nacionais de ciência e tecnologia para debater as contribuições da ciência para o enfrentamento de viroses emergentes em especial a do coronavírus e a influenza.
A estratégia era montar uma rede em todo território nacional, utilizando a expertise dos pesquisadores e alunos já treinados e equipamentos já comprados das universidades públicas. O secretário de Pesquisa e Formação Cientifica do MCTI, e presidente da RedeVírus MCTI, Marcelo Morales, destacou a importância do trabalho coletivo dos especialistas e pesquisadores que direcionaram o governo nas estratégias de enfrentamento da pandemia. “A ideia inicial era criar uma rede de sequenciamento e monitoramento genômico do vírus em todo o território nacional e dessa forma surgiu Rede Corona Ômica MCTI que hoje é responsável por cerca de 60% do sequenciamento e monitoramento genômico das variantes do vírus em todo o território nacional”, explicou Morales.
Uma das recomendações da RedeVírus MCTI foi elevar a segurança de laboratórios de biossegurança de nível 2 para nível 3 porque o vírus precisa ser manipulado e estudado em locais com essa infraestrutura. “Por meio da Finep/MCTI e do CNPq/MCTI foram disponibilizados recursos para elevar a segurança de 18 laboratórios em todo o território nacional. Também foram feitos mais de 40 ensaios clínicos financiados pela RedeVírus MCTI com medicamentos já existentes e novos medicamentos”, enumerou o secretário da SEPEF.
Também foi decisão do comitê sugerir o investimento em tecnologias desenvolvidas em território nacional com as vacinas de 3ª geração com RNA DNA de proteínas recombinantes para que o Brasil pudesse ter a expertise nacional de produção de vacinas para a Covid-19 e também para desenvolver vacinas de doenças como Dengue, Chikungunya, Zika, malária e outras doenças que afligem a população brasileira.
Marcelo Morales também recordou a recomendação para que fossem investidos recursos no desenvolvimento de tecnologias de inovação para a produção de respiradores em território nacional e equipamentos de segurança individual e coletiva. “No começo da pandemia faltavam não só no Brasil, mas em vários países do mundo, máscaras, aventais descartáveis e respiradores. Já há algum tempo não temos mais esse problema porque produzimos os ventiladores e os equipamentos de segurança no Brasil com apoio da Finep/MCTI e CNPq/MCTI”, recordou.
O ministro Marcos Pontes foi o responsável por levar as estratégias ao presidente Jair Bolsonaro que na ocasião questionou quanto seria necessário para as pesquisas e prontamente se colocou favorável. Até o momento foram liberados cerca de R$ 1 bilhão nas estratégias adotadas para RedeVírus MCTI. Desse montante, cerca de R$ 460 milhões foram investidos nas pesquisas e inovações. Aproximadamente R$ 600 milhões foram investidos em empresas para o desenvolvimento de respiradores, equipamentos de proteção e outras tecnologias. “Agradeço ao presidente da República por ter confiado na ciência brasileira e toda a autonomia que nosso ministro Marcos Pontes nos deu para organizar e conduzir esse grupo de pesquisadores”, concluiu Morales.
Monitoramento de variantes
Outra importante tarefa da RedeVírus MCTI é realizar o monitoramento das variantes no país. O coordenador da Rede Corona-ômica.BR MCTI, Fernando Spilki, destacou a evolução desse trabalho ao longo dos últimos dois anos. “O Brasil tem evoluído muito no acompanhamento genômico do Sars-Cov-2. Desde que chegaram recursos houve um salto na quantidade de amostras sequenciadas no Brasil de variantes no acompanhamento de variantes”.
“Hoje a Rede Corona-ômica.BR MCTI realiza o acompanhamento de 3% a 4% de todos os casos notificados no Brasil além da própria genotipagem. Isso nos coloca muito próximos de atingir as metas importantes de vigilância. Nós temos que avançar, queremos avançar e há espaço para isso. Esse trabalho demonstra que, quando há recurso financeiro, a ciência e os pesquisadores brasileiros são capazes de responder e fazer tudo que é necessário para o enfrentamento da pandemia”, revelou Spilki que ainda apresentou números do trabalho realizado pela equipe.
“Mais de 40.000 genomas virais foram sequenciados a partir de metodologias otimizadas pela Rede. Fizemos a descrição de casos pioneiros de reinfeção, coinfecções e recombinação viral. A descrição de diversas variantes surgidas no país, incluindo s variantes P.2 (Rio de Janeiro), Gamma (Manaus), P.4 (São Paulo) e P.7 (Rio Grande do Sul). O rastreamento de variantes estrangeiras (Alpha, Delta e Omicron). Estudos sobre a dispersão e evolução do vírus antes e após as vacinas, ensaios de laboratório sobre escape vacinal. Mais de 25 estudos científicos já publicados, além de outros em fase de preparação e submetidos. Além de milhares de matérias produzidas e veiculadas em diversas mídias”, citou.
Rede de Diagnóstico MCTI
Para a coordenadora da Rede de Diagnóstico MCTI; Ana Paula Fernandes, o trabalho desenvolvido será muito importante para as gerações futuras. “Se tem um legado que a RedeVírus MCTI vai deixar é essa capacidade e coalizão de pesquisadores de várias áreas e diferentes universidades e institutos de pesquisa trabalharem de forma integrada para o bem comum, o bem da sociedade. Enfrentamos muitos desafios na área de diagnóstico de Covid-19 com escassez de insumos, um déficit tecnológico, déficit de conhecimento. Mas com muito trabalho estamos vencendo todos os obstáculos”.
Rede do Laboratório de Campanha MCTI
O coordenador da Rede do Laboratório de Campanha MCTI, André Massensini, responsável pela equipe que realiza os testes de diagnóstico contra a SARS-Cov-2 explicou que a ampliação da capacidade nacional de realizar os testes diagnósticos moleculares para a detecção do SARS-Cov-2 foi possível por meio da infraestrutura e competência de 14 universidades públicas do país. “Tínhamos uma previsão de realizar até 350 mil testes diagnósticos por RTPCR e hoje já realizamos algo próximo de 600 mil testes realizados pelas redes de laboratórios de campanha. Para se ter ideia em alguns estados os laboratórios de campanha realizaram mais testes do que os laboratórios de referência desses estados”, comparou Massensini.
Rede PREVIR-MCTI
A coordenadora da Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica de Coronavírus SARS-Cov-2 PREVIR MCTI, Clarice Arns, revelou que até o momento foram coletadasamostras de 2.150 morcegos e 2.560 aves. “Se comparados a humanos parece pouco, mas se tratando de animais é muita coisa. O próximo passo é colher amostras de aves aquáticas, realizar o sequenciamento completo do genoma, a análise do potencial zoonótico, isolamento, divulgação científica e estabelecer novas parcerias internacionais”, adiantou.
Águas Residuais MCTI
Outra iniciativa do comitê de especialistas é o monitoramento dos esgotos. O coordenador da Rede de Monitoramento de Covid-19 em Águas Residuais MCTI, Rodrigo de Freitas Bueno explica que o trabalho é feito na região do ABC em São Paulo (SP), Foz do Iguaçu (PR), Goiânia (GO) e Distrito Federal (DF). As pesquisas mostram a carga viral encontrada nas amostras do esgoto de cada local monitorado. “Conseguimos antecipar pelas amostras do aumento de casos de pessoas infectadas isso é importante porque o estado pode tomar medidas mais assertivas para cada local e antecipar possíveis surtos. Essas amostras também servem para detectarmos uma quantidade mais aproximada de infectados pois os assintomáticos muitas vezes não sabem que estão contaminados e não fazem o teste, mas pela amostra do esgoto conseguimos detectar”, explicou.
Rede Covid-19 Humanidades MCTI
O coordenador da Rede Covid-19 Humanidades MCTI, Jean Segata, lidera, desde julho de 2020, a equipe responsável pelo estudo “A Covid-19 no Brasil análise e resposta aos impactos sociais da pandemia entre profissionais de saúde e população em isolamento”. A pesquisa é feita com profissionais de saúde e pessoas em isolamento. “A segunda fase da pesquisa vai analisar e responder sobre os impactos sociais da pandemia – imunização, tratamento, práticas e ambientes de cuidado e de recuperação de afetados. Até dezembro de 2024”, explica Segata que ainda destacou números do trabalho.
“Foram cerca de 80 artigos publicados em jornais de grande circulação nacionais e internacionais, três coletâneas com capítulos que refletem a pesquisa, informes mensais para a RedeVírus MCTI além de centenas de participações em lives, podcasts e conteúdo divulgado nas redes sociais do projeto”, finalizou Segata.
Cada coordenador recebeu um Certificado de Membro do Comitê de Especialista RedeVírus MCTI como agradecimento aos trabalhos realizados.
Correios
Ao final do evento, o ministro Marcos Pontes fez um agradecimento especial aos Correios que estão atuando com apoio logístico para a RedeVírus MCTI. Desde o início da pandemia já foram realizadas dezenas de operações, que transportaram material das amostras, o isolamento e cultivo do coronavírus, conforme as regras de biossegurança, no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, e posterior envio para grupos de pesquisa e laboratórios clínicos de referência públicos e privados.
O transporte realizado pela empresa é dotado de altos requisitos de segurança e agilidade, para que o material seja entregue até 20 horas após a coleta, em perfeito estado de conservação e com risco zero de contaminação, tanto de pessoas quanto do ambiente por onde as amostras transitam. “Essa parceria com os Correios tem sido muito importante para o desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa e quero deixar aqui o meu agradecimento especial ao presidente dos Correios general Floriano Peixoto”.
Veja como foi a cerimônia:
Fonte: https://www.gov.br/mcti