Há 10 anos, programa “Melhor em Casa” cuida da saúde e dá qualidade de vida a brasileiros com doenças crônicas
Programa do SUS dispõe de 11 mil médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e assistentes sociais, disponíveis 24 horas, para atender às famílias dentro e fora dos hospitais
Em 2014, no município do Novo Gama, há 45 km de Brasília, Distrito Federal, Cícera Maria dos Santos cuidava sozinha dos dois filhos: Francisco e Rosa. Ambos nasceram com paralisia cerebral, uma doença permanente que afeta o desenvolvimento motor e cognitivo. Entre idas e vindas ao hospital, a vida de Cícera se resumia a dar banho, comida, remédio, trocar fraldas e cuidar das crianças. Mas foi naquele ano que a dona de casa e mãe viu sua história dividida em duas com um marco histórico: o “Melhor em Casa”, programa do Sistema Único de Saúde (SUS) que completa 10 anos em 2021.
Esse também foi um divisor de águas na vida de mais de 500 mil famílias que tiveram suas rotinas transformadas com a iniciativa. O programa reduz a permanência dos pacientes com doenças graves e crônicas nos hospitais e oferece a possibilidade de um atendimento domiciliar, levando o SUS para bem mais perto da família. Com mais de 1.657 equipes multiprofissionais que totalizam 11 mil médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, espalhadas por todo o País e disponíveis 24 horas, cada equipe do programa atende, em média, de 30 a 60 pacientes por mês.
Minha vida mudou totalmente quando eu conheci o Melhor em Casa. Eu não os tenho como equipe, tenho como amigos – Cícera Maria dos Santos.
Para Cícera, a equipe de saúde que visita regularmente o seu lar e presta acolhimento aos seus filhos se tornou um porto seguro na vida dela e dos pequenos.
“Minha vida mudou totalmente quando eu conheci o Melhor em Casa. Meus filhos passaram a ter toda a assistência que uma pessoa com deficiência precisa. Eu não os tenho como equipe, tenho como amigos. Pessoas em quem posso confiar a qualquer hora do dia ou da noite. Eles estão sempre prontos para me socorrer”, enalteceu a dona de casa.
O Ministério da Saúde preparou um vídeo com depoimentos de famílias e profissionais da saúde que tiveram suas vidas transformadas pelo programa. Assista a seguir:
O programa também mudou a vida de Francisco Maia. “O Melhor em Casa foi a coisa mais importante que tive até hoje nesta casa. Se não fosse por eles, seria muito pior para mim porque eu era pai e mãe de uma moça que não tinha condições de cuidar de si própria”, disse Maia. Elidiane, filha de Francisco, morreu em 22 de fevereiro deste ano por conta de um problema genético chamado Síndrome de Ataxia de Friedreich. A doença é neurodegenerativa, debilitante, paralisante e irreversível. O Melhor em Casa fez com que a luta de Lidiane e seu pai não se resumisse a idas e vindas ao hospital.
O Melhor em Casa foi a coisa mais importante que tive até hoje nesta casa – Francisco Maia.
A frequência das visitas aos filhos de Cícera e Francisco, variavam de acordo com as necessidades clínicas de cada caso e os atendimentos, assim como a todos que participam do programa. Entre os serviços ofertados no lar dessas famílias estavam exames, medicação, reabilitação, entre outros. Toda assistência em saúde que um paciente recebe internado em hospital, o Melhor em Casa oferece no conforto do lar da família. Desde 2011, ano em que o programa foi criado, foram realizados mais de 28,9 milhões de procedimentos nas residências familiares.
SUS mais próximo dos brasileiros
O programa “Melhor em Casa” nada mais é do que o SUS cuidando dos brasileiros dentro e fora dos hospitais. O atendimento humanizado das equipes multidisciplinares prioriza o convívio do paciente com a família e leva atendimentos em saúde e serviços hospitalares até o lar dessas pessoas. O Programa traz benefícios aos dois lados. Dados apontam uma economia de 24% a 75% em gastos com o programa se comparados com o mesmo indivíduo hospitalizado.
“Além disso, com o programa, nós devolvemos vida ao paciente que estaria condicionado a ser um morador de hospital”, afirmou a médica Mariana Borges, coordenadora do Programa Melhor em Casa.
Já para a diretora do Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e Urgência, Adriana Melo Teixeira, da Secretaria de Atenção Especializada em Saúde (SAES), é papel do Ministério da Saúde fortalecer os atendimentos na saúde pública e reforçar uma assistência cada vez mais humanizada no SUS. “A Atenção Domiciliar é essencial, uma vez que leva saúde aos que não conseguem ir até ela”, disse a diretora ao comentar o benefício de mão dupla que o programa oferece.
A Atenção Domiciliar é essencial, uma vez que leva saúde aos que não conseguem ir até ela – Adriana Melo, diretora do Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e Urgência.
Pelo fato de o público-alvo do programa ser pessoas debilitadas, são estabelecidos fluxos com outros estabelecimentos – Unidades de Pronto Atendimento (UPA), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e hospitais – para atender qualquer intercorrência, inclusive durante a madrugada, e aos finais de semana e feriados
O encaminhamento do paciente ao Melhor em Casa deve ser feito por profissionais dos hospitais, UPA’s ou Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) que identifiquem no paciente o perfil e a necessidade do programa, que está presente no Distrito Federal e em 25 estados do País.
“Melhor em Casa” pelo Brasil
O Distrito Federal e 25 estados brasileiros aderiram ao programa que está ativo em mais de 700 municípios. Em Novo Gama, onde Cícera e Francisco moram, quem coordena a equipe do Serviço de Atenção Domiciliar é Denise Silva. A coordenadora contou que apesar das dificuldades durante a pandemia de Covid-19, as equipes deram início ao telemonitoramento e começaram a cuidar dos pacientes a distância no auge do isolamento social.
“No início, perguntávamos como as coisas estavam e conversávamos por telefone, mas logo percebemos que se nos paramentássemos [uso de equipamentos de proteção] com máscara n95 e capote poderíamos voltar a visitar os pacientes nos domicílios”, contou Denise ao explicar que alguns pacientes realmente necessitam do cuidado presencial.
Fonte: https://www.gov.br/saude