InfoGripe aponta sinais de estabilidade e queda de SRAG
O Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quarta-feira (15/9), mostra o Brasil com sinal de queda nos casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e estabilidade no curto prazo (últimas três semanas). Apenas duas das unidades federativas − Espírito Santo e Pernambuco − apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo, com valores relativamente baixos.
O Rio de Janeiro, que apresentou período de crescimento até meados de agosto, e manteve estabilização nas últimas semanas, volta a registrar queda sustentada com sinal moderado de queda na tendência de longo prazo para o estado, possivelmente retornando ao patamar registrado em junho deste ano. Na capital observa-se sinal forte de queda na tendência de longo prazo e moderado na tendência de curto prazo. A análise apresentada é referente à Semana Epidemiológica 36, que compreende o período entre 5 a 11 de setembro e tem como base dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 13 de setembro.
“Embora a maioria dos estados apresente macrorregiões de saúde em nível alto, quatro deles ainda contam com parte do seu território em nível considerado extremamente elevado. A manutenção da tendência de queda vem reduzindo gradativamente os níveis, com diversos estados já registrando os menores números de casos semanais desde o início de epidemia, embora ainda sejam números expressivos quando comparados com os registros históricos de SRAG”, explica o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Casos e óbitos por faixa etária
Na evolução dos casos e óbitos por faixa etária é possível observar tendência de queda entre crianças e adolescentes (0-9 e 10-19), após período de estabilização, porém ainda em patamar significativamente elevado em comparação com o histórico da pandemia. No período de estabilidade, entre a segunda quinzena de julho à primeira quinzena de agosto deste ano, as crianças (0-9 anos) apresentaram uma média de cerca de 1,5 mil novos casos semanais.
“Embora esse período tenha representado queda significativa em relação aos picos de março e maio de 2021, quando foram registrados 1.932 e 2.019 casos semanais, respectivamente, em 2020 a marca de 1,5 mil casos semanais só foi atingida no início da pandemia, quando foram notificados 1.658 casos no pico de março. Atualmente, as estimativas das últimas semanas apontam para valores entre 1 mil a 1,2 mil casos semanais, valores próximos ao que se observou no segundo pico de 2020, em julho, quando foram registrados 1.265 novos casos”, observa Gomes.
Já para os adolescentes (10-19) a média durante a estabilização, entre julho e agosto de 2021, foi de cerca de 240 casos semanais, similar ao platô igualmente elevado que se observou entre março e começo de junho de 2020. A queda recente, se confirmada, pode colocar essa faixa etária em situação similar àquela registrada entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, quando foram registrados os menores valores semanais para essa população, com média de 171 novos casos por semana.
A população adulta, que compreende a faixa de 20-59 anos, também retornou ao patamar mais baixo, saindo de cerca de 24 mil casos semanais no pico de maio para a marca de aproximadamente 4 mil casos semanais ao final de agosto de 2021, valor similar à média de casos semanais registrada em outubro de 2020. A mesma situação já havia sido atingida pela população de 60 anos ou mais, há mais tempo, em junho deste ano.
Gomes destaca que a campanha de vacinação teve impacto no número de casos de SRAG. “A redução expressiva no número de casos na população adulta é reflexo do impacto da campanha de vacinação escalonada, que permitiu proteger essa população durante o aumento na transmissão nos meses de abril e maio. Já a estabilização em valores relativamente mais altos na população mais jovem é reflexo da manutenção de transmissão elevada na população em geral”.
O Boletim alerta que, em função do avanço da cobertura vacinal de primeira e segunda doses entre adultos e jovens adultos, é de fundamental importância acompanhar a evolução de casos entre a população de crianças e adolescentes, bem como nos mais idosos, para um acompanhamento da tendência e nível de transmissão comunitária. Tais dados estão presentes no repositório público do InfoGripe.
Unidades federativas
Observa-se que apenas duas das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Espírito e Pernambuco. Dezessete apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo: Acre, Amazonas, Amapá, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Além disso, três delas apresentam sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo (Distrito Federal, Piauí e Rio Grande do Norte) e cinco mostram indícios de estabilidade nas tendências de longo e curto prazo (Alagoas, Bahia, Ceará, Rondônia e Santa Catarina).
Amapá e Maranhão têm todas suas macrorregiões de saúde em nível epidêmico ou inferior, sem apresentar nenhuma macrorregião de saúde em nível alto ou superior. Apenas três estados ainda apresentam ao menos uma macrorregião em nível extremamente elevado: Goiás, Mato Grosso e Paraná. Todos os demais estados apresentam ao menos uma macrorregião de saúde em nível alto ou superior.
No Distrito Federal, embora o sinal de crescimento esteja presente apenas na tendência de curto prazo de SRAG, os dados sugerem que esse aumento esteja concentrado principalmente na população acima de 70 anos. No Rio Grande do Norte, que também apresenta sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo, os dados apontam crescimento recente em crianças até 9 anos. Segundo o pesquisador, tal aumento pode ser apenas reflexo das oscilações naturais em períodos de estabilidade ou ainda reflexo de outros vírus respiratórios, sendo necessário acompanhamento nas próximas semanas para reavaliação.
“Nos estados em que se observa aumento significativo de SRAG em crianças, reforça-se a importância da testagem por RT-PCR dos demais vírus respiratórios que integram o painel da vigilância nacional, evitando confundir com os efeitos de outros vírus, como o sincicial respiratório (VSR), já observado em outros estados”, destaca Gomes.
Capitais
Nas capitais observa-se que duas das 27 capitais apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas): Plano Piloto e arredores de Brasília e Florianópolis. Em 12 capitais observa-se sinal de queda na tendência de longo prazo: Aracaju, Boa Vista, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Goiânia, João Pessoa, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Rio Branco e Rio de Janeiro. Além disso, uma capital apresenta sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo (últimas três semanas): Porto Velho.
Doze capitais apresentam sinal de estabilização nas tendências de longo e curto prazo: Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Macapá, Maceió, Natal, Recife, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina e Vitória. A maioria das capitais encontra-se em macrorregiões de saúde com nível alto ou superior, embora diminuindo gradativamente. Das 27, 2 integram macrorregiões de saúde em nível epidêmico (Macapá e São Luís), 18 integram macrorregiões de saúde em nível alto (Aracaju, Belém, Boa Vista, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Salvador, Teresina e Vitória), 6 em nível muito alto (Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo), e 1 em nível extremamente alto (Goiânia).
Macrorregiões
Em 16 dos 27 estados observa-se ao menos uma macrorregião de saúde com sinal de crescimento nas tendências de longo ou curto prazo: Pará, Rondônia, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. Nos outros 10 estados e no Distrito Federal observa-se tendência de longo e curto prazo com sinal de queda ou estabilização em todas as respectivas macrorregiões de saúde. Em relação às estimativas de nível de transmissão comunitária para as macrorregiões de saúde, 7 estão em nível pé-epidêmico; 7 em nível epidêmico; 69 em nível alto; 32 em nível muito alto; e apenas 3 em nível extremamente alto.
Fonte: https://portal.fiocruz.br