Linfomas: conheça os sintomas e saiba como ocorrem o diagnóstico e o tratamento
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam que a cada ano são registrados mais de 14 mil novos casos da doença no Brasil
O linfoma é o câncer que afeta os linfócitos, células responsáveis por proteger o corpo de infecções. Esse tipo de câncer se desenvolve principalmente nos linfonodos, também chamados de gânglios linfáticos.
De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a cada ano são registrados mais de 14 mil novos casos da doença no Brasil. Os dados mais atualizados de óbitos no país são de 2020, quando foram registradas 4.357 mortes por Linfoma não Hodgkin e 455 por linfoma de Hodgkin.
No Brasil, os linfomas são a oitava forma mais comum de câncer, com incidência em torno de 6 pessoas a cada 100 mil habitantes, havendo leve predominância de homens em relação às mulheres. O risco de óbito por linfoma é de cerca de 2 para cada 100 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde.
Nesta quinta-feira (15), o Dia Mundial de Conscientização do Linfoma alerta para a importância da detecção precoce da doença.
Entenda o que são os linfomas
O sistema linfático, composto por linfonodos (ou gânglios), vasos e tecidos, faz parte do sistema imunológico, sendo responsável pela produção das células que atuam na defesa do organismo. Quando um câncer tem origem nesse sistema, ele pode ser considerado um linfoma de Hodgkin ou linfoma não Hodgkin.
A diferença entre os dois tipos está na característica como o câncer se espalha: os linfomas de Hodgkin se disseminam de forma ordenada, a partir de um grupo de linfonodos para o outro, através dos vasos linfáticos. No caso dos linfomas não Hodgkin, o câncer se espalha de forma não ordenada.
Os tecidos do sistema linfático estão espalhados pelo corpo, o que permite que o câncer tenha origem em qualquer lugar. Segundo o Inca, existem mais de 20 tipos diferentes de linfomas não Hodgkin.
“Existem mais de 40 subtipos de linfomas. Quanto ao tipo de célula de origem nos linfomas de não Hodgkin, temos os Linfomas B, os T e os não-B e não-T, células NK. Considerando os mais comuns, temos os linfomas não Hodgkin difuso de células B, que correspondem a 30%, e os linfomas foliculares, com cerca de 22% de todos os casos, seguidos por linfomas de células do manto, de células da zona marginal, linfomas de Hodgkin, entre outros”, diz o médico hematologista Ricardo Bigni, chefe da Seção de Hematologia do Hospital do Câncer I, do Inca, no Rio de Janeiro.
Sinais e sintomas que podem indicar um linfoma
Os principais sintomas dos linfomas não Hodgkin são o aumento dos gânglios do pescoço, das axilas ou da virilha, suor noturno em excesso, febre, coceira na pele, cansaço e perda de peso superior a 10% sem motivo aparente.
Como o linfoma de Hodgkin pode surgir em qualquer parte do corpo, os sintomas dependem da localização. O câncer nos gânglios do pescoço, da axilas e da virilha pode apresentar ínguas ou inchaço nos linfonodos, que são indolores. Quando a doença atinge a região do tórax, é comum a presença de tosse, falta de ar e dor torácica. Na pelve ou no abdômen, os sintomas são desconforto e distensão abdominal.
O hematologista do Inca explica que os linfonodos ou gânglios linfáticos podem apresentar aumento por diferentes razões, incluindo infecções e doenças inflamatórias. Segundo o especialista, em geral, os gânglios aumentados por essas condições apresentam sensibilidade ao toque. Diferentemente dos linfonodos afetados pelo câncer, que tendem a ser indolores.
Bigni ressalta que a correlação entre o sintoma e a possibilidade de linfomas deve ser feita pelos profissionais de saúde.
“O aspecto dor não é comum nos linfomas. É mais comum ter o aumento daquela estrutura indolor. Se o aumento daquele gânglio se estende por um período de semanas, é menos provável que seja uma infecção. Então o médico entra na rotina de investigação que inclui os linfomas”, explica.
Fatores de risco
De acordo com especialistas, na maioria dos casos, não é possível identificar fatores de risco ou causais para o desenvolvimento de linfomas. Entretanto, exposição à radiação e certos tipos de produtos químicos podem trazer um maior risco para as pessoas.
“O benzeno e alguns pesticidas podem estar implicados. Pessoas expostas no ambiente de trabalho estão em maior risco, o que deve ser monitorado. Protocolos de segurança para mitigar essa exposição devem ser seguidos. Pessoas com sistema imunológico comprometido, como a infecção pelos vírus Epstein-Barr ou o HIV também podem ter risco aumentado de desenvolver linfoma”, diz Bigni.
O especialista explica que não há uma forma própria de prevenção ao desenvolvimento de linfomas, como em outras formas de câncer. “Nos linfomas, a melhor forma de atuar é na detecção e diagnóstico precoce, que pode permitir o tratamento ainda em estágios menos avançados da doença, com alguns tipos de linfomas considerados curáveis com as terapias disponíveis”, afirma.
Como é feito o diagnóstico de um linfoma
São necessários vários tipos de exames para o diagnóstico adequado dos linfomas. Esses exames permitem determinar o tipo exato de linfoma e esclarecer outras características, o que permite definir a forma mais eficaz de tratamento.
Entre os exames indicados, estão a biópsia, que consiste na retirada de uma pequena porção de tecido, em geral dos gânglios linfáticos, para análise em laboratório, além da punção lombar, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
“É obrigatório que seja realizada uma biópsia cirúrgica da tumoração, em geral, um linfonodo aumentado, e que o material coletado vá para exame histopatológico a ser analisado por médico anatomopatologista. A definição quanto à exata classificação do linfoma requer que, nesta avaliação histopatológica, esteja incluído o exame imunohistoquímico”, afirma Bigni.
Como é feito o tratamento?
O tratamento para cada paciente é associado ao tipo específico de linfoma identificado e pode variar de acordo com a localização e o estágio da doença. Em geral, os pacientes são submetidos ao processo de quimioterapia, ou à associação da quimioterapia, ou radioterapia, com a imunoterapia, que é um método de tratamento com base na indução do combate às células cancerosas pelo próprio sistema imunológico do paciente.
A terapia também pode ser realizada com a combinação de medicamentos administrados por via oral ou através das veias, chamada poliquimioterapia.
“Para a definição da opção terapêutica mais adequada, também devem ser levadas em consideração as condições físicas do paciente e se apresenta comorbidades, tais como doenças cardiovasculares ou pulmonares que possam comprometer a tolerância clínica ao tratamento oncológico”, diz o hematologista do Inca.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br