No Dia Mundial da Saúde, diretora da OPAS pede a recuperação equitativa da pandemia nas Américas
A pandemia empurrou entre 119 e 124 milhões de pessoas a mais no mundo à extrema pobreza no ano passado. Quatorze anos de ganhos na luta contra a pobreza foram perdidos
No Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta quarta-feira (7), a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, declarou que a COVID-19 expôs as desigualdades que são barreiras para a saúde de muitas pessoas nas Américas e chamou líderes a fazerem da equidade a “força que orienta a recuperação da pandemia”.
Estima-se que a pandemia tenha empurrado entre 119 e 124 milhões de pessoas a mais em todo o mundo para a extrema pobreza no ano passado. Calcula-se também que 14 anos de ganhos na luta contra a pobreza foram perdidos devido à pandemia. E ainda há evidências convincentes de que a pandemia ampliou as disparidades de gênero no emprego, com as mulheres saindo da força de trabalho em maior número do que os homens nos últimos 12 meses.
“A pandemia sem precedentes trouxe à tona as desigualdades sociais e econômicas existentes, lamentavelmente exacerbando-as”, afirmou Etienne durante um evento virtual organizado pela OPAS para o Dia Mundial da Saúde.
As ações para controlar e tratar a COVID-19 durante a pandemia, bem como durante a recuperação econômica, devem ser centradas na redução das desigualdades. Devemos agir com decisão agora para garantir o direito de todos os membros da população ao mais alto padrão de saúde possível.”
Durante o evento, a ministra da Saúde da Argentina, Carla Vizzotti, disse que, “sem dúvida, a pandemia colocou o mundo e nossa região à prova – não apenas o setor de saúde, mas também os setores econômico e social”.
Entre os painelistas estavam membros da academia e da sociedade civil, incluindo a Confederação Latino-Americana e Caribenha de Trabalhadores Domésticos e o Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe. Os painelistas chamaram a atenção para a exclusão das trabalhadoras domésticas da seguridade social, ampliando o alcance dos serviços de saúde, a necessidade de catalisar a justiça e a necessidade de não apenas gerar dados e melhor conhecimento sobre as desigualdades de saúde que afetam as comunidades marginalizadas, mas também tomar medidas para reduzir as desigualdades e as inequidades raciais e étnicas.
Sofrimento e exposição desigual à pandemia
Assinalando que as pessoas em situação de vulnerabilidade sofrem desproporcionalmente com a pandemia, Etienne chamou a atenção para aqueles que vivem em moradias superlotadas e precárias, com acesso limitado à água, e assentamentos informais urbanos; trabalhadores essenciais; e trabalhadores da economia informal.
Muitas vezes, essas pessoas já não tinham acesso a cuidados de saúde de qualidade e tinham um pior estado de saúde. Longas histórias de discriminação estrutural costumam estar relacionadas à falta de acesso e às más condições sociais dos grupos de maior risco. Determinantes sociais da saúde devem ser enfrentados para reduzir a desigualdade.
Muitas das pessoas mais afetadas pela pandemia – mulheres chefes de família; mulheres negras e indígenas; pessoas ganhando salário mínimo; aqueles com acesso limitado ou nenhum acesso à proteção social; e pessoas, na maioria das vezes mulheres, que realizam trabalhos de assistência não remunerados – também são empregadas em trabalhos que as expõem ao vírus.
Reduzindo as desigualdades pós-pandemia
“A pandemia de COVID-19 prosperou em meio às desigualdades em nossas sociedades e lacunas em nossos sistemas de saúde”, atestou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). “É essencial que os governos invistam no fortalecimento de seus serviços de saúde e na remoção das barreiras que impedem tantas pessoas de usá-los, para que mais pessoas tenham a chance de viver uma vida saudável.”
Para derrotar a COVID-19 e se recuperar com um mundo mais justo, a diretora da OPAS pediu:
- acesso a vacinas para todas as pessoas;
- aumento do investimento em sistemas de saúde resilientes, responsivos e adaptáveis e atenção primária à saúde (APS) usando as lentes da equidade e inclusão;
- expansão dos sistemas de proteção social;
- renda justa, trabalho decente, sistemas de educação inclusivos e sólidos e moradia decente.
- fortalecimento dos sistemas nacionais de informação em saúde para atender às populações que estão sendo deixadas para trás e monitorar os impactos da equidade.
“Temos a oportunidade de transformar nossas sociedades após esta pandemia devastadora, disse Etienne. “Começar uma recuperação equitativa e sustentável exige que priorizemos o investimento nos setores sociais e de saúde, mas também devemos trabalhar juntos com um objetivo e um propósito comum, reconhecendo que todos devemos fazer a nossa parte”, acrescentou. “A equidade deve ser a força que orienta a recuperação da COVID-19 nas Américas.”
Fonte: https://www.paho.org