OPAS pede uma resposta unida à COVID-19 nas Américas
É necessária uma ação concertada para acelerar o acesso às vacinas, melhorar a capacidade de fabricação e aumentar o investimento em saúde, afirmou a diretora da OPAS na Reunião Extraordinária do Conselho Permanente da OEA
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, destacou nesta quinta-feira (30) as principais prioridades para acabar com a “crise de saúde mais significativa que afetará nossa região em um século” e chamou os países a trabalharem juntos para abordar os impactos na saúde, econômicos e sociais da pandemia de COVID-19.
“Em um momento de grandes divisões entre e dentro de nossos países, não podemos perder de vista que uma melhor coordenação acabará com esta crise mais rapidamente, para todos nós”, declarou Etienne em uma sessão especial virtual do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Destacando o impacto humano e econômico desproporcional da pandemia na região, que matou mais de 2,4 milhões de pessoas e levou 22 milhões à pobreza nas Américas, Etienne enfatizou que as vacinas devem ser disponibilizadas a todos. “Não há caminho de recuperação para nenhum de nós enquanto nossos vizinhos permanecem vulneráveis e as variantes circulam e se multiplicam.”
Etienne delineou as prioridades da OPAS para ajudar a enfrentar o impacto da pandemia, dizendo que a primeira e mais urgente é acelerar a entrega de vacinas adquiridas e doadas pelo COVAX aos países das Américas com o intuito de proteger as pessoas da COVID-19 grave.
“Como continuamos enfrentando atrasos na produção de vacinas – e muitos países de baixa e média renda em todo o mundo aguardam as doses que esperavam meses atrás -, devemos explorar todos os caminhos possíveis para acelerar o acesso às vacinas”, disse a diretora da OPAS.
Com base em sua trajetória de 40 anos para reunir as necessidades de vacinas e financiamento dos países da região, o Fundo Rotatório da OPAS está trabalhando diretamente com os fabricantes para garantir as vacinas contra a COVID-19 de que a região ainda precisa a preços acessíveis, salientou Etienne.
A diretora afirmou que a segunda prioridade da OPAS é reduzir a dependência excessiva da região de produtos de saúde importados, destacando a nova iniciativa da Organização, em parceria com a OMS, para desenvolver e produzir vacinas de mRNA na região. Essa iniciativa também faz parte de um esforço mais amplo da OPAS para investir na melhoria das cadeias de abastecimento farmacêutico e permitir que a América Latina e o Caribe se tornem mais autossuficientes.
“Isso não acontecerá da noite para o dia e exigirá um investimento significativo, mas esse custo é insignificante em comparação com o alto preço da inação”, acrescentou Etienne.
Olhando para o futuro da pandemia e além, a diretora da OPAS disse que outra prioridade é melhorar os investimentos nos sistemas de saúde, observando que a maioria dos países nas Américas não está dedicando os 6% recomendados do PIB nacional à saúde pública com foco na atenção primária. “Esse subinvestimento nos mantém vulneráveis.”
“Sistemas de saúde fortes e resilientes são a base de uma resposta eficaz à pandemia e a chave para cumprir nossa promessa de saúde para todos”, concluiu Etienne.
Outras falas da Reunião Extraordinária do Conselho Permanente da OEA
Luis Almagro, secretário-geral da OEA: “Precisamos ter vontade política. Agora, mais do que nunca, precisamos trabalhar urgentemente de forma mais coordenada em direção a uma agenda comum para que tenhamos melhores ferramentas para enfrentar isso, usar melhor nossos recursos e enfrentar a terceira onda desta pandemia e futuras crises de saúde.”
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS): Solicitando um acordo legalmente vinculante sobre a resposta à pandemia, ele destacou que “esta pandemia expôs e explorou as lacunas em nosso sistema de saúde e as fraturas e desigualdades em nossas sociedades. Ela testou os pontos fortes de nossas instituições e expôs a fragmentação de nossa arquitetura global de saúde. A lição é clara – a única maneira de enfrentar uma ameaça global é por meio da cooperação global”.
Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), enfatizou a importância do investimento sustentado em pesquisa: “A pandemia nos lembrou que as colaborações regionais e globais são essenciais. Conforme demonstrado repetidas vezes, a doença não conhece fronteiras. Felizmente, a ciência moderna e as ferramentas de comunicação permitiram que as autoridades de saúde pública e os cientistas trabalhassem juntos com mais eficiência do que nunca. Para estarmos melhor preparados para responder às ameaças futuras à saúde, devemos nos certificar de que estamos aproveitando ao máximo essas ferramentas e colaborando de perto com organizações como a OEA, OPAS e OMS.”
Fonte: https://www.paho.org