Pesquisa identifica necessidade de monitoramento frequente no surgimento de variantes da Covid-19 no país
Um estudo realizado com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações identificou o nível de neutralidade para variantes no sangue de pessoas vacinadas ou que já tiveram a doença
Uma pesquisa realizada com apoio do MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações identificou a necessidade do reforço nos cuidados contra a Covid-19 mesmo com o passar do tempo. As variantes são os novos desafios da ciência e o país tem na Rede Corona-ômica BR-MCTI cientistas empenhados em entender e prevenir o surgimento delas. Um estudo feito a partir do plasma sanguíneo de pessoas que venceram a doença buscou identificar se a produção de anticorpos era suficiente para barrar variantes da Covid, como a P.1, identificada em Manaus, no Amazonas, em fevereiro deste ano. Além disso, os pesquisadores testaram o sangue de pessoas vacinadas com a CoronaVac para determinar a neutralidade dos anticorpos produzidos pelo imunizante sobre a variante. A conclusão do estudo foi que existe o risco de reinfecção pela variante P.1, mesmo em pessoas que já tenham contraído a Covid-19 ou que já tenham tomado a vacina CoronaVac. A informação é importante para reforçar os protocolos de prevenção e tratamento de infecções respiratórias oriundas da Covid no país.
“Já era esperado este resultado baseado em outros estudos internacionais. A resposta de neutralização do vírus é bem menor para a variante P.1 em relação com a variação antiga, mesmo vacinados com a CoronaVac. A mensagem que fica para a gente é que o SARS-Cov-2 tem uma possibilidade real de reinfecção e tem que ter o cuidado com a prevenção. Com o tempo, essa resposta da vacina poderá diminuir e por isso temos que ter em mente a revisão da imunização das vacinas”, explicou Bruno Deltreggia Benites, médico hematologista e hemoterapeuta que é coordenador de um dos projetos que contribuiu para o resultado final da pesquisa.
Ainda de acordo com o médico Bruno Benites será preciso monitorar constantemente potenciais mutantes virais com maior capacidade de escapar da imunização produzida pela vacinação ou por pessoas que já foram infectadas pela doença. O pesquisador ressaltou a importância do investimento do Governo Federal por meio do MCTI em pesquisas relacionadas com os desdobramentos da Covid. “A importância de fazer estes estudos é ter um melhor monitoramento da infecção e conseguir fazer esse update dessas tecnologias que combatem a doença”.
Pesquisa
O ensaio detectou que pessoas que já tiveram a Covid-19 e produziram anticorpos possuem uma capacidade de neutralizar o vírus 8,6 vezes menor para os casos da variante P.1. O plasma sanguíneo coletado de pessoas que tomaram a primeira dose da CoronaVac há menos de 23 dias também não mostrou resistência à mutação do vírus. O mesmo vale para quem já havia tomado as duas doses do imunizante há aproximadamente nove meses. Foram coletadas amostras sanguíneas de participantes seguindo todos os procedimentos padrões éticos do comitê responsável por experimentação em humanos e aprovados pelos comitês de ética da Universidade de Campinas (Unicamp). Todos os participantes tiveram a identidade preservada antes da conclusão da pesquisa e os pacientes deram consentimento para inclusão no estudo.
Financiamento
O estudo foi financiado pelo MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – por meio da Rede Corona-ômica BR-MCTI. Participaram também do apoio financeiro instituições como: a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP/MCTI), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) e o Fundo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade de Campinas (Unicamp). Além disso, instituições internacionais como a Medical Research Council, National Council for Scientific and Technological e National Institute of Health apoiaram o estudo.
Fonte: https://www.gov.br/mcti