Saiba o que falta para a vacinação contra a Covid-19 ter início no Brasil
Entenda os próximos passos e previsão do Ministério da Saúde para vacinação em massa no país
Neste domingo (27), os países da União Europeia iniciaram uma campanha coletiva de vacinação contra a Covid-19. Além dos 27 países do bloco, outros 15 pelo mundo também iniciaram a imunização contra a doença, sendo três na América do Sul: México, Costa Rica e Chile ( Argentina anunciou que dará início na próxima terça-feira ). No Brasil, porém, alguns passos ainda precisam ser concluídos antes do início da vacinação, prevista para janeiro entre grupos prioritários.
Produção e entrega das doses
De acordo com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a previsão da pasta é que 24,7 milhões de doses de vacinas estejam disponíveis em janeiro. Entre os acordos realizados até agora, estão doses do imunizante CoronaVac – produzido pelo Instituto Butantan no Brasil e da vacina Pfizer/BioNTech, principal responsável pelas campanhas de vacinação na Europa.
Alguns estados, como São Paulo, Bahia e Paraná também já firmaram contratos individuais com laboratórios para a aquisição de vacinas. Entre elas, está a Sputnik V, desenvolvida e produzida pelo laboratório Gamaleya, na Rússia.
Além disso, a Fundação Oswaldo Cruz será responsável pela produção da vacina desenvolvida pela Oxford e AstraZeneca. “No primeiro semestre teríamos 100,4 milhões de doses, para vacinação de cerca de 65 milhões de pessoas. No segundo semestre, com a produção 100% nacional na Fiocruz e mais 110 milhões de doses, poderemos vacinar mais 71,5 milhões de pessoas”, anunciou o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger.
Até o momento – considerando eventuais atrasos nas demais fases – a Fiocruz prevê a entrega do primeiro lote das vacinas para fevereiro, com aumento gradual da produção até o fim do mês, quando será possível entregar até 3,5 milhões de doses por semana.
Já a CoronaVac, que também será produzida em solo nacional, aponta 40 milhões de doses prontas da vacina até janeiro de 2021, quando será possível o início da vacinação entre os grupos prioritários. De acordo com o Instituto Butantan, há capacidade para produção de até 1 milhão de doses por dia.
Divulgação dos dados de eficácia
Concluída a terceira fase de testes, os laboratórios devem divulgar dados de eficácia dos imunizantes – posteriormente divulgados em publicação científica, com revisão e cumprimento dos protocolos que garantem a veracidade do estudo. Até agora, quatro vacinas já anunciaram os índices de eficácia: Pfizer/BioNTech, com 95%; Moderna, com 94.5%; Sputnik V, com 91,4% e AstraZeneca, com 90% de eficácia.
A CoronaVac, principal aposta do governo de São Paulo para o início de uma vacinação em massa – e uma das mais avançadas nos protocolos para todo o Brasil – deve anunciar seus resultados da fase 3 na semana que vem, após autorização do laboratório chinês. A vacina passa agora pela última fase, dos testes pré-clínicos.
Registro da Anvisa
A autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o que garante a segurança e eficácia das vacinas que serão utilizadas no país. Durante a pandemia, a agência autorizou o processo de submissão contínua para agilizar a análise de documentos. Ou seja: os resultados de cada estudo podem ser enviados à agência na medida em que são realizados e não necessariamente de uma única vez após a conclusão completa.
Além disso, a situação de emergência levou a agência a permitir pedidos de uso emergencial, como já ocorre em países europeus e nos Estados Unidos, por exemplo. A autorização emergencial possibilita o início da vacinação antes do registro oficial.
“A modalidade de uso emergencial e temporário está prevista em regulamento e pode trazer benefícios a determinados e controlados grupos, como medida adicional para o enfrentamento da pandemia. O pedido de uso emergencial e temporário deve ser submetido pela empresa desenvolvedora da vacina contra covid-19”, detalhou a Anvisa, em nota.
Até o momento, porém, nenhuma empresa pediu o registro de uso emergencial, o que deve ocorrer nos próximos dias. De acordo com a Anvisa, após solicitação, a análise deve ocorrer em até 10 dias corridos.
Definição da logística de vacinação
Concluídas as fases de produção, aquisição e autorização da vacina, o última passo será a organização da campanha que garantirá a imunização da maior quantidade possível de pessoas em tempo hábil. De acordo com o Ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em entrevista ao programa Brasil em Pauta, “Independentemente da quantidade da vacina, ela será distribuída igualitariamente dentro da proporcionalidade dos estados”.
O cumprimento das previsões, porém, depende de um plano estratégico que deve considerar as particularidades de cada população e outros detalhes importantes, como o armazenamento e transporte dos imunizantes e aquisição de isumos como seringas e agulhas.
Até o momento, o Ministério divulgou apenas o plano de imunização, que oferece autonomia aos estados na distribuição. O cronograma, porém, aguarda o andamento das fases anteriores. “Você faz a previsão quando contrata, mas às vezes adianta, às vezes atrasa, e a gente vai atualizando esse cronograma”, disse o ministro.
A expectativa de Pazuello é que alguns grupos prioritários comecem a receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no final de janeiro. A vacinação em massa deve começar a partir de fevereiro.
Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB), segue reforçando a previsão de início da vacinação para o dia 25 de janeiro. O estado, que já anunciou o plano e cronograma adiantados, afirma que fará uma campanha independente do ministério da Saúde após aprovação da vacina CoronaVac.