Serviço de exames representa 30% da receita dos hospitais
Operação própria exige investimento alto em tecnologia
A tendência de cuidar da saúde de forma integrada tem levado os hospitais a dedicar ainda mais atenção à medicina diagnóstica. Alguns optam pela terceirização dos exames. Outros investem em serviços próprios que atendem pacientes do hospital e o público externo. As atividades ganham cada vez mais peso e já contribuem com 20% a 30% da receita dos grupos.
Projetado inicialmente para pacientes, o Centro de Diagnósticos HCor cresceu e hoje tem estrutura própria para atender clientes internos e externos do hospital. São duas unidades, a do Paraíso, que existe há 30 anos no complexo hospitalar, onde funciona a produção de exames, e a da Cidade Jardim, aberta em 2012, com estrutura de exames laboratoriais e de imagem separada do hospital. “É uma megaunidade que está passando por uma expansão”, conta Carlos Figueiredo, superintendente de negócios e operações do HCor. O espaço aumentará de 4 mil para 6,5 mil metros quadrados.
Dos cerca de 300 mil exames mensais feitos HCor, metade chega via planos de saúde. “A outra metade é demanda de particulares que buscam o hospital pelo atendimento diferenciado, confiabilidade dos diagnósticos, referenciamento médico, proximidade geográfica, e pela vasta gama de exames oferecidos”, diz Figueiredo. Além de serviços de laboratório, estão na lista exames como tomografia computadorizada, ressonância magnética, ergometria, medicina nuclear, holter, MAPA, endoscopia, colonoscopia, radiografia digital, densitometria óssea, mamografia, ecocardiografia, ultrassonografia. No total, segundo Figueiredo, a medicina diagnóstica contribui com cerca de 30% da receita do grupo, prevista em R$ 940 milhões este ano.
No Hospital Israelita Albert Einstein, a medicina diagnóstica também foi criada para dar suporte às atividades hospitalares e ambulatoriais e cresceu na medida em que essas atividades avançaram, diz Eliézer Silva, diretor de medicina diagnóstica e ambulatorial da instituição. Em São Paulo, os exames são feitos nas 11 unidades do grupo, incluindo a de Goiânia, que ganhou a bandeira Einstein em junho, com a aquisição do Hospital Órion, e também representam cerca de 30% da receita.
Segundo o executivo, entre 2019 e setembro deste ano, a área de medicina diagnóstica e ambulatorial entregou 31 milhões de resultados de exames, incluindo pedidos para detecção de covid-19, que passaram a fazer parte da volumetria da área em 2020. Cerca de 80% dos exames vêm por meio dos convênios que dão acesso ao Einstein e 20%, por meio particulares, atraídos pela percepção de segurança e pela possibilidade de cuidar de todos os aspectos da saúde num só local. “Somos uma solução de saúde”, diz ele.
No Hospital Sírio-libanês, a medicina diagnóstica se apoia em estrutura e profissionais do hospital e na parceria que mantém com o Fleury desde 2006, para a realização de análises clínicas. Além do parque diagnóstico inaugurado em 2018 na unidade Bela Vista, o Sírio tem centros de diagnóstico em cinco endereços em São Paulo e Brasília – a unidade Jardins é a única exclusivamente dedicada a essa atividade. Em 2019, o Sírio realizou 6,2 milhões de exames, total que foi menor no ano passado, em virtude da pandemia, mas que, segundo Cesar Nomura, superintendente de medicina diagnóstica da instituição, já retomou a linha de crescimento.
Atualmente, os centros diagnósticos contribuem com algo em torno de 20% a 25% da receita do grupo, diz ele. “Chegamos a atender, num sábado, cerca de mil pessoas no centro de diagnóstico da Bela Vista”, exemplifica. Do total de exames realizados no Sírio, 90% vêm de convênios e entre 6% e 7%, de clientes externos. A área é uma das que mais recebe investimentos da instituição. São R$ 40 milhões por ano. “Mas houve ano em que investimos mais de R$ 150 milhões”, acrescenta. Só uma máquina de PET-CT custa de US$ 2 milhões a US$ 4 milhões de dólares, ou R$ 12 milhões, argumenta. No Sírio, cerca de 10% dos quase 10 mil empregados da instituição trabalham em medicina diagnóstica.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz também recorre a parceiros para oferecer dentro de suas instalações a realização de exames clínicos e laboratoriais, assim como laudos para o diagnóstico. Nas unidades Paulista e Campo Belo, o parceiro é o grupo Fleury. Na unidade Vergueiro, é o grupo Dasa. Em 2019, foram 175 mil atendimentos externos em medicina diagnóstica, que incluem exames de imagens, cardiológicos, neurofisiologia, endoscopia e checkup. Em 2020, com a pandemia, o número baixou para 122 mil e a recuperação só passou a ser sentida a partir de agosto, com a elevação do número de consultas, afirma Riad Younes, diretor do centro especializado em oncologia da instituição. Em 2020, com os exames realizados em pacientes externos e internados, a área de medicina diagnóstica alcançou R$ 106 milhões, 11,7% da receita do hospital.
Fonte: https://valor.globo.com