Transtornos de ansiedade podem estar relacionados a fatores genéticos
Causas ambientais também são capazes de desencadear o problema
A ansiedade é uma reação emocional que pode estar presente em qualquer momento da vida e ser causada por diferentes situações. É um recurso importante e funcional para o organismo humano, pois é responsável pela adaptação em casos desconhecidos, além de ser encarregada de alertar o corpo e a mente em momentos de perigo. A ansiedade se torna um transtorno quando manifestada de modo exagerado e persistente, atrapalhando diferentes áreas da vida, tornando-a disfuncional.
Os transtornos de ansiedade são uma combinação de fatores genéticos e ambientais, segundo Sheila Caetano, psiquiatra da infância e professora do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). “Nós ainda não conseguimos determinar o percentual de influência genética e o percentual de influência ambiental. Mas pesquisas mostram que, se a avó tem uma depressão grave, maiores são as chances de o neto ter ansiedade”, explica. Além disso, segundo a especialista, ambientes conturbados também são capazes de desencadear um transtorno de ansiedade.
Tipos de transtorno
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), quatro tipos são englobados no conceito de transtornos de ansiedade: o Transtorno de Pânico, o Transtorno Obsessivo Compulsivo, o Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social e o Transtorno de Ansiedade Generalizada. Eles se manifestam da seguinte forma:
- Transtorno de Pânico
Surge a partir de um “ataque de pânico”, com início repentino, que dura aproximadamente 10 minutos. Durante a crise, o indivíduo apresenta sensação de sufocamento, de “falta de ar”, sensação de morte, taquicardia, tontura, suor excessivo, sensação de perda do controle, dor ou desconforto torácico, perturbações gastrointertinais e outros.
- Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
No TOC, o indivíduo apresenta obsessões, pensamentos, imagens ou impulsos recorrentes e se sente obrigado a realizar comportamentos em resposta a essas obsessões, seja para “neutralizá-las” ou mesmo como “regra” para aliviar os sentimentos decorrentes das obsessões. O transtorno é caracterizado por compulsões que “forçam” o indivíduo a realizar algo, do contrário, o mesmo passa a apresentar um quadro acentuado de ansiedade. Esses sintomas comumente levam tempo e causam sofrimento, trazendo prejuízo na funcionalidade em áreas importantes da vida.
- Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social
A pessoa apresenta os sintomas em situações sociais, onde é observado por outras pessoas, como assinatura de documentos, enquanto come, se apresenta diante de outros etc. Nesses casos, o indivíduo começa a apresentar tremores, suor excessivo, vermelhidão, dificuldade de concentração, palpitação, tonteira e sensação de desmaio.
- Transtorno de Ansiedade Generalizada
A sensação de ansiedade oscila ao longo do tempo, mas não acontece em forma de “ataque”, de maneira mais aguda e nem se relaciona com situações específicas. A pessoa se sente ansiosa na maioria dos dias e por longos períodos que podem se estender por meses e até anos. Os principais sintomas incluem expectativa apreensiva ou preocupação exagerada.
Transtorno de ansiedade na infância
Durante a infância e o início da adolescência, os transtornos de ansiedade se manifestam basicamente por meio de sintomas físicos, como:
. Dor de cabeça;
. Dor na barriga;
. Dor nas pernas;
. Alteração nos padrões de sono e apetite.
Crianças e adolescentes podem não conseguir explicar com clareza suas emoções, o que dificulta aos responsáveis identificar uma ansiedade excessiva. Para isso, alguns sinais podem ser observados:
. Apresentar angústia constante;
. Querer ficar sempre próxima dos responsáveis;
. Não ter mais interesse em ir para a escola ou mudança repentina no desempenho acadêmico;
. Apresentar um medo sem justificativa;
. Deixar de realizar suas atividades diárias como estudar, brincar, cantar ou praticar esportes;
. Se assustar com pequenas coisas;
. Apresentar uma preocupação excessiva e constante com a saúde.
Entre crianças, adolescentes e adultos, as mudanças no padrão comportamental e que levam a prejuízos nas atividades diárias são fatores cruciais e devem ser investigadas.
Médico generalista, clínico geral, ginecologista, cardiologista, geriatra, pediatra e demais categorias médicas são capacitadas a identificar, diagnosticar e tratar os transtornos de ansiedade.
SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o cuidado e desempenha papel fundamental na abordagem dos Transtornos Mentais, principalmente os leves e moderados, não só por sua capilaridade, como também por conhecer a população, o território e os determinantes sociais que interferem nas mudanças comportamentais, dispondo de melhores condições para apoiar o cuidado.
Diferentes níveis de complexidade compõem o cuidado, sendo os CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, em suas diferentes modalidades, pontos de atenção estratégicos da RAPS. Serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar, podem ser encontrados.
Setembro Amarelo
Durante o mês de setembro, o Ministério da Saúde divulga uma série de conteúdos sobre a importância da conscientização e do cuidado com a saúde mental. Informação é o primeiro passo de qualquer tratamento. Acompanhe:
- Anualmente, mais de 700 mil pessoas cometem suicídio, segundo OMS
- Mais de 70 milhões de pessoas no mundo possuem algum distúrbio alimentar
- Entre 5% e 8% da população mundial apresenta Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade
Fonte: https://www.gov.br/saude