Vacina contra Covid-19: mesmo sem prazos, laboratórios particulares do DF preparam estrutura para imunizar população
Aplicação das doses deve ocorrer só após início da campanha na rede pública; Anvisa ainda não aprovou qualquer imunizante. Aumento do espaço e compra de insumos estão entre preparativos.
Os laboratórios particulares do Distrito Federal se preparam para iniciar a vacinação contra a Covid-19. Apesar de não existir prazos para que a imunização inicie, nem vacina aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as clínicas começaram a aumentar a capacidade de atendimento e a comprar insumos.
No Brasil, estabelecimentos privados já estão negociando a compra de vacinas. Porém, a campanha nesses locais só deve ter início após a imunização na rede pública de saúde (veja mais abaixo).
Segundo o presidente do Sindicato dos Laboratórios de Pesquisas e Análise do DF (Sindlab-DF), Alexandre Bitencourt, os laboratórios da capital seguem na expectativa para receber doses dos imunizantes e iniciar a aplicação.
Alexandre afirma que a demanda pela vacina contra o novo coronavírus será alta e que, por isso, as clínicas privadas começaram os preparativos.
“Já estão se organizando desde o ano passado, comprando insumos, abrindo salas de vacina e fazendo acordo de compras”, diz.
Uma das preocupações da categoria, segundo Alexandre, é a demora na análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que precisa autorizar a abertura de novas clínicas e a ampliação de espaço das já existentes. “Não há tanta rapidez na aprovação de projetos”, afirma.
O presidente do sindicato explica que todos os laboratórios privados interessados em realizar a imunização contra o novo coronavírus deverão usar o sistema nacional de registro, além de fornecer todas as informações das vacinas, como lote, tipo e empresa. “Tudo será controlado pelo Ministério da Saúde”, comentou.
“A iniciativa privada está se preparando. Mas tudo só vai começar quando tiver uma vacina registrada. A partir disso, a preferência é do governo federal. Mas a rede particular vai estar preparada para agir quando possível.”
Segundo Alexandre, no entanto, ainda há uma série de procedimentos a serem cumpridos para que a imunização comece na rede privada.
“Após o início da campanha de vacinação, em um momento adequado, vamos ter a liberação para a iniciativa privada. A atuação vai ser de forma complementar, não apenas com um tipo de vacina, mas com todas que tiverem registro”, diz.
Aquisição
Neste domingo (3), a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) informou que negocia a compra de 5 milhões de doses de uma vacina do laboratório indiano Bharat Biotech.
O imunizante, chamado de Covaxin, teve o uso emergencial na Índia aprovado neste domingo pelas autoridades do país e ainda depende da permissão da Anvisa para ser usado no Brasil.
A vacina está na fase três de testes na Índia, etapa em que a eficácia é verificada. Os primeiros estudos clínicos mostraram que o imunizante não gera efeitos colaterais graves e produz anticorpos para a Covid-19. De acordo com a agência Reuters, o país aprovou o uso emergencial da vacina em meio a criticas sobre a falta de informações em relação à eficácia do imunizante.
Em nota, o Ministério da Saúde reforçou que, apesar do início da tratativa, a vacinação contra a Covid-19 será realizada no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), seguindo o Plano de Operacionalização da Vacinação.
“Na eventualidade da integração de clínicas particulares de vacinação ao Plano Nacional, é preciso observar que o registro da aplicação do imunizante precisaria ser feito junto à Rede Nacional de Dados de Saúde e à caderneta digital de vacinação. Esta rastreabilidade possibilita identificar quem tomou a vacina e em qual data, além de precisar o laboratório e o lote do imunizante, possibilitando a aplicação de uma segunda dose no prazo correto”.
Fonte: https://g1.globo.com/